Comitê Gestor garantirá funcionamento de reserva marinha no estado do Rio de Janeiro

05/01/2009 - 16h55

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Até o final doprimeiro semestre deste ano, deverá estar constituído ocomitê gestor da Reserva Extrativista Marinha de Arraial doCabo (Resex-Mar), localizada na Região dos Lagos do estado doRio de Janeiro. O comitê envolverá representantes dosgovernos federal, estadual e municipal, além de organizaçõesnão governamentais, acadêmicos e membros da sociedadecivil, com destaque para os pescadores locais. A formaçãodesse comitê é uma das medidas necessárias parao funcionamento da reserva, disse hoje (5) à AgênciaBrasil o coordenador do projeto Ressurgência, Rogério doValle, do Laboratório de Sistemas Avançados de Gestãoda Produção (SAGE), da Coordenação deProgramas de Pós-Graduação de Engenharia daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Integrante do programaPetrobras Ambiental, o projeto Ressurgência se propõeajudar a constituição do comitê gestor atravésde um modelo de gestão cooperativa, informou Valle. Elesalientou que vários interesses, “às vezesconflitantes”, têm retardado esse processo. Entre eles, Valle citoua pesca, o turismo, o porto e a exploração eventual depetróleo. “A questão édeterminar o que vai ser produzido dentro da reserva extrativista, emque quantidade, beneficiando a quem. É esse acerto queprecisa ser feito pela comunidade local, baseado em númerossobre o estoque pesqueiro, a degradação, outrasexperiências, e por uma formação dos atoressociais”, observou. O coordenador do projeto salientou que a idéia é ter a reserva conservada, mas mantendo projetos de atividade econômica. Daí a preocupaçãode que essa atividade não seja predatória,para garantir o equilíbrio da biodiversidade do ecossistemamarinho local. Com apoio da Petrobras,o projeto Ressurgência está realizando no municípiode Arraial do Cabo um curso de pós-graduaçãopara formação de gestores da reserva, além de umcurso com jovens locais na área de comunicação.Segundo Valle, a idéia é uniresforços para impedir a degradação ambiental,dando condições à manutenção dapesca artesanal. “O próprio turismo tem interesse que essaimagem permaneça”, excplicou. Pesquisa realizadapelos técnicos da Coppe identificou que a pescatradicional, que é a principal atividade econômica deArraial do Cabo, está sendo ameaçada pela pescapredatória. “A pesca predatória prejudica ospescadores, destrói o fundo do mar. E há um grandeinteresse em terminar com esse tipo de prática que,infelizmente, ainda é muito freqüente, porque nãohá uma repressão concatenada dos órgãospúblicos do estado, do município e da União”, relatou Valle. Segundo ele, a populaçãode peixes na região caiu 50% no período de 1992 a2006. A queda poderia estar associada à piora das condiçõesambientais locais. De acordo com o estudo, das 89 espéciescapturadas em 1993, apenas 48 foram obtidas em 2007, o que indicariauma sobre-pesca, ou seja, uma pesca acima do permitido pelo ambientesustentável. Como a qualidade também caiu, ospescadores passaram a oferecer variedades de peixes que antes nãovendiam. “E a qualidade caiu porque a quantidade também vemcaindo. Então, a sobrevivência da pesca artesanal estámuito ameaçada naquela região. E, com ela, uma boaparte do turismo também pode sair prejudicada.” Valle espera que o patrocínio da Petrobrás ao projetoRessurgência, que completa este ano 24 meses de existência,seja renovado em meados de 2009 pelo mesmo prazo.