Fábrica no Acre começa a distribuir preservativos feitos com látex de seringueira nativa

19/12/2008 - 13h36

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A fábrica de preservativos masculinos de Xapuri (AC) é a primeira estatal do setor habilitada para entrar no mercado nacional e internacional de camisinhas, depois de obter a certificação ISO 9001:2000, conferido pela consultoria internacional BSI Management System, além das certificações do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).Com a certificação, a fábrica de Xapuri, produtora dos preservativos Natex, iniciou ontem (18) a distribuição de um milhão de camisinhas, fabricadas a partir do látex da seringueira nativa, aos programas de combate às doenças sexualmente transmissíveis (DST) no estado. A unidade é a primeira a não usar látex de seringueiras cultivadas e a ter usina de centrifugação anexa à planta industrial.“O diferencial da nossa produção é que é latex nativo, ou seja, da Floresta Amazônica, são as reservas e as comunidades extrativistas, com a produção extrativista nativa”, ressaltou a gerente-geral da fábrica, Dirlei Bersch.A empresa também passa a entregar sua produção – atualmente de 100 milhões de unidades por ano – ao Programa Nacional de DST/Aids, para distribuição gratuita na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), no norte do país.O convênio de cooperação técnica assinado com o Ministério da Saúde em abril deste ano, no valor de R$ 22 milhões que complementam o orçamento mantido também pelo governo estadual, prevê ainda a realização de pesquisa científica para o desenvolvimento de gel lubrificante e retardante, para o tratamento de ejaculação precoce, a partir de produtos da floresta.Atualmente, a Natex gera 150 empregos diretos na fábrica e conta também com o trabalho de cerca de 700 famílias nos seringais. Para a produção anual de 100 milhões de unidades, são consumidos 500 mil litros de látex. A fábrica é gerida pela Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac).Mais do que um empreendimento voltado para a saúde pública – já que a produção atende a programas de distribuição gratuita –, Dirlei ressalta o foco na viabilização da economia extrativista do estado.“O Acre é um estado que ainda tem 90% de cobertura florestal, temos uma população residente nas florestas, nas comunidades extrativistas, reservas, e famílias que vivem do produto da floresta, então o governo investe num empreendimento que diversifica a possibilidade de utilização de produtos da floresta, no caso, do látex, e verticaliza essa produção dentro do estado, agregando valor aqui, com a industrialização do produto, criando alternativas, aumentando renda”, disse.A gerente também destacou a capacidade de geração de emprego e capacitação e mão-de-obra local. “A idéia é que essa competência fique no estado e por isso a gente prioriza a mão-de-obra aqui do município”, concluiu.