Agronegócio enfrenta problemas de crédito e pede ações urgentes do governo

15/12/2008 - 18h08

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O presidente doConselho Superior de Agronegócio da Federaçãodas Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), RobertoRodrigues, afirmou hoje (15) que todos os setores ligados aoagronegócio estão enfrentando problemas de créditoe precisando de ações mais urgentes do governo. No caso do crédito,Rodrigues apontou como maiores dificuldades a falta deadiantamentos de contrato de câmbio (ACC) e o fato de os recursos,embora anunciados, não chegarem ao produtor. Quando chegam, têmcusto muito alto, destacou Rodrigues, que foi ministro da Agriculturano primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula daSilva.“Há três temas que só o governopode resolver: a desburocratização dos processos, aquestão da renda e a estrutura da logística”, disseRodrigues, após mediar reunião com representantes decadeias produtivas do agronegócio. Segundo Rodrigues, ainda não dá parasaber quais serão os efeitos da crise na geraçãode empregos no setor de agronegócio. Ele acredita, no entanto,que tanto a queda na produção de grãos quanto asdificuldades enfrentadas pelo setor sucroalcooleiro deverãoreduzir as contratações no setor.O presidente da União da Indústriada Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, um dos participantesda reunião, disse que o setor sucroalcooleiro já enfrenta problemas devido à crise, emboratenha sido um dos que mais investiram na produção emtodo o país – foram mais de US$ 20 bilhões nosúltimos quatro anos e estão previstos mais US$ 32bilhões para os próximos três anos. “É que uma crise que chega em momento depreços baixos atinge profundamente a renda do setor, masesperamos uma regularização dos recursos decrédito para exportações e investimentos nospróximos meses.” De acordo com Jank, cerca de 15% dos produtoresestão com dificuldades financeiras, que já enfrentavamantes da crise internacional, o que agrava o problema. Nesse caso, as empresas passaram a ser candidatas à incorporaçãopor outros grupos, afirmou. “Obviamente, isso pode levar aproblemas localizados, como empresas que não pagam seusfornecedores, devido à dificuldade financeira. Mas isso nãoé a regra.”Para o presidente da AssociaçãoBrasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec),Roberto Giannetti da Fonseca, os impactos da crise internacionalaparecem mais na área do crédito e nos meios depagamento do que na demanda. “Ainda não temos notícia de umaqueda de demanda nos países importadores por questão derenda. Acredito até que a demanda continue nos padrõesanteriores e que nós possamos restabelecer em 2009 os volumesexportados em 2008”, ressaltou Giannetti. Segundo ele, o mêsde novembro, com queda de 33% nas exportações, deveser analisado com cuidado porque o resultado é atípico.