Indígenas contestam afirmações de presidente da Funai

10/12/2008 - 23h39

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A saída do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que continuou o julgamento da constitucionalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi marcada por um bate-boca com o presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), o índio macuxi Sílvio da Silva.Em entrevista em frente ao STF, Meira afirmou que o importante da sessão, apesar de o julgamento ter sido suspenso, é que os votos dos ministros mostraram que a demarcação contínua é a forma correta e que, mesmo em faixa de fronteira, não fere o pacto federativo nem ameaça a soberania nacional. “Para nós é uma grande vitória. Só revelou que os argumentos que a Funai e que os povos indígenas usaram na ação estavam corretos e é uma grande vitória para todos os povos indígenas do Brasil hoje e dessa forma nós temos que celebrar essa vitória como do Brasil, do povo brasileiro”, disse.Além disso, Meira também ressaltou que agora deve ser feita a retirada dos não-índios, “para que os índios garantam o direito constitucional deles, que é a plena posse e usufruto da Terra Indígena Raposa Serra do Sol”. Ele também acrescentou que ficou claro no voto dos ministros a necessidade de fortalecer a presença do Estado nas terras indígenas, o que, segundo Meira, tem sido buscado pela Funai.Esse argumento, no entanto, foi contestado pelo presidente da Sodiur, que representa 53 comunidades, totalizando cerca de 11 mil indígenas. De acordo com Silva, eles são desrespeitados pela Funai, que não dá assistência ao povos do estado.“Quem ajuda é José de Anchieta Junior. São os agricultores que estão lá dentro, que dão melhoria para crescer a Raposa Serra do Sol com plantação de arroz, com estrada, com a ponte. São esses que nos ajudam”, afirmou.Ele acrescentou ainda que com a decisão vai haver violência, tanto da parte dos índios quanto da parte dos arrozeiros. “Eu estou aqui preparado para qualquer decisão. Se for preciso, nós marcarmos um campo de batalha. A gente se encontra, se é para ir para a luta, vamos para a luta. Se é para ir para o sangue, vamos para o sangue”.