Atendimento à mulher vítima de violência sexual no Rio é avaliado como bom

07/12/2008 - 14h25

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Pesquisa inéditano país, realizada pela Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ESS/UFRJ),  revelou que a avaliação das mulheres é positiva em relação aos núcleos de atenção às mulheres emsituação de violência sexual da cidade do Rio.A pesquisa foielaborada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde econtou com apoio da Fundação de Amparo àPesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). O trabalho será divulgado amanhã (8), no seminário Diálogos no Enfrentamento à Violência SexualContra a Mulher: Um desafio para as Políticas Sociais, no Rio de Janeiro. As entrevistadas, mulheres que foram atendidas em uma das cincomaternidades municipais do Rio, disseram, em sua maioria, que os núcleos de atenção “funcionam relativamentebem”. A coordenadora do Núcleo de Saúde Reprodutiva da ESS/UFRJ, Ludmila Cavalcanti, avaliou hoje (7), em entrevista àAgência Brasil, que os núcleos trabalham em conformidadecom a Norma Técnica de Atendimento à Mulher Vítimade Violência Sexual do Ministério da Saúde.“Houve uma avaliação bastante positiva dos núcleosno nosso município.” O estudo serviráde base para um levantamento mais amplo que será iniciado emjaneiro de 2009, também com apoio do CNPQ, abrangendo toda arede de saúde do estado do Rio de Janeiro, envolvendo hospitais municipais, estaduais, filantrópicos e conveniadoscom o Sistema Único de Saúde, que realizem esseatendimento no âmbito do estado. Ludmila Cavalcantiinformou que o atendimento se refere à incorporaçãoda Norma Técnica pelas maternidades, englobando desde oacolhimento, acesso, integralidade, sistema de registro, adesãodas mulheres ao ambulatório, até a atitude em relaçãoao aborto previsto em lei. “Esse é apenas um dos aspectosque a pesquisa trabalhou”. Ela lembrou que essessão serviços públicos que não existem narede privada e acrescentou que a capital fluminense é um dospoucos municípios brasileiros com grande número denúcleos para esse tipo de atendimento. Os profissionais queatendem as mulheres nesses núcleos são “altamentequalificados, a maioria com, pelo menos, duas pós-graduações”.E as mulheres avaliam o atendimento como “bastante satisfatório”. Nos núcleos, asvítimas de violência sexual recebem medicaçãopara doenças sexualmente transmissíveis, para hepatitee AIDs. Também é oferecida às mulheres acontracepção de emergência, conhecida como apílula do dia seguinte, “exatamente para evitar o abortoilegal, na medida em que as mulheres usam essa medicação.Isso foi bem avaliado”. A professora daESS/UFRJ observou, contudo, que existem pontos que podem seraprimorados. Entre eles, destacou a adesão das mulheres ao acompanhamento e a continuidade do atendimento ambulatorial. “Isso éuma dificuldade”, disse. Outro ponto a ser aprimorado diz respeito àquestão da integração da rede de atendimento àmulher vítima de violência sexual, composta por umasérie de serviços, como delegacias, abrigos, hospitais.Ludmila disse que o sistema de informações ainda édeficitário. “Nós poderíamos ter, não só no nosso município, mas no estado como um todo, um serviçode registro mais integrado. Isso poderia ser, com certeza,aprimorado”. Segundo a pesquisa,esse tipo de violência acontece com uma entre quatro mulheres,o que representa 25% da população feminina, atingindo35% em alguns municípios do estado. “É um fenômenode alta incidência na vida das mulheres”, constatou Ludmila. Isso sem falar quea violência não é só a imprevisível,perpetrada por um estranho, mas também, em sua maior parte,ela é causada por companheiros, maridos e ex-maridos. “Essassão violências cujo ciclo é muito difícilde ser rompido.” No seminário, aEscola de Serviço Social da UFRJ discutirá também experiências de atendimento àmulher vítima de violência sexual efetuadas em outraslocalidades do país. O evento integra a campanha internacional“16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra aMulher”, cujo compromisso é divulgar e enfrentar essaquestão.