Reunião da ONU inicia negociação do substituto do Protocolo de Quioto, avalia embaixador

01/12/2008 - 11h33

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A 14ªConferência da Organização das NaçõesUnidas sobre mudanças climáticas, a COP-14, que começouhoje (1°) em Póznan, na Polônia, será atransição entre a fase de debates e a efetivanegociação de textos para o substituto do Protocolo deQuioto. A avaliação é do negociador-chefe dadelegação brasileira na COP-14, embaixador Luiz AlbertoFigueiredo.

Ao longode 2008, Figueiredo comandou a negociação do chamadoMapa do Caminho, roteiro definido na última COP, em Bali, paraguiar a elaboração de um novo acordo climáticoglobal.

“Ospaíses atenderam ao chamado com idéias e propostas,discutidas intensamente em preparação para a negociaçãode textos. Póznan marca a mudança de marcha no carro:passamos de um momento de debate para a negociação”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Um dostemas que mais avançaram, segundo Figueiredo, foi a discussãode estratégias de Redução de Emissões porDesmatamento e Degradação (REDD). O assunto interessaparticularmente ao Brasil, onde o desmatamento é responsávelpor quase 75% das emissões nacionais de gases de efeitoestufa.

“Háum consenso muito claro de que ações de reduçãode emissões por desmatamento devem ser apoiadasinternacionalmente. A discussão agora será sobre quaismeios irão financiar essas ações”, explicou. Naavaliação do embaixador, nesse contexto, o FundoAmazônia, lançado em agosto pelo governo, deverá ganharforça em Póznan, mesmo diante da crise financeirainternacional.

Aexpectativa do negociador-chefe da delegação brasileiraé de que a crise não afete os esforçosinternacionais de enfrentamento às mudanças climáticasacordados até agora. “Asmedidas de combate à crise [econômica]podem se transformar numa grandeoportunidade para também ajudar no combate à crise doclima. A crise é preocupante, mas há essa esperançade que ela possa ser uma oportunidade."

Sobre oestabelecimento de metas obrigatórias de reduçãode emissões de gases de efeito estufa para os países emdesenvolvimento, entre eles o Brasil, o embaixador disse que oassunto “não está em negociação”.

“O queestá sendo negociado para os países em desenvolvimentosão ações de redução de emissõesno âmbito de políticas de desenvolvimento sustentável,ações que sejam nacionalmente adequadas e que sejamapoiadas por financiamento e tecnologia dos paísesindustrializados. Isso tudo feito de maneira mensurável”, afirmou.

Ainclusão desse tipo de compromisso para os paísespobres é uma das principais bandeiras das organizaçõesnão- governamentais e de ambientalistas.

A posiçãobrasileira é baseada no chamado princípio dasresponsabilidades comuns, porém diferenciadas. Ou seja, ospaíses desenvolvidos, que historicamente contribuírammais para as emissões de gases do efeito estufa, devem termais responsabilidade no enfrentamento das mudanças doclima. “Não é um princípio meramente político,é comprovado pela ciência. É a traduçãojurídica de um conceito científico”, argumentou.