Primeira versão do plano de defesa agradou à Frente Parlamentar

25/11/2008 - 19h58

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Defesa, Nelson Jobin, apresentou hoje (25) à Frente Parlamentar de Defesa Nacional, uma prévia do Plano Estratégico de Defesa Nacional (PDN). Abrangendo linhas gerais, conteúdo e cronologia do plano, o documento será finalizado até o dia 11 de dezembro. Após a aprovação do presidente da República, será analisado pelo Conselho de Defesa Nacional e encaminhado ao Congresso Nacional.“Apresentamos três pontos básicos do Plano aos parlamentares. Uma análise da reorganização das Forças Armadas; a questão da necessidade de termos uma indústria de defesa visando a capacitação tecnológica nacional; e a questão do serviço militar obrigatório”, disse Jobim.O presidente da Frente Parlamentar da Defesa Nacional, Raul Jungmann (PPS-PE), disse estar satisfeito com o que foi apresentado. “É um plano muito ousado porque detalha, aprofunda e dá uma visão integrada das forças armadas, associando a questão da defesa ao desenvolvimento nacional”. “Avalio-o como resposta a uma necessidade. O Brasil precisa ter uma cultura e um plano de defesa compatíveis com a sua projeção, com o mundo, e com o seu projeto de desenvolvimento. A defesa nacional é a contra-face do desenvolvimento nacional, e o plano seguiu por este caminho”, completou. A Amazônia é a grande prioridade regional apresentada no PDN que, segundo o ministro da Defesa,  enfocará critérios de modelos estratégicos para Exército, Marinha e Aeronáutica, de forma a reposicionar as forças no território nacional. “Nossas plataformas aéreas terão de ser substituídas no período entre 2015 e 2025 e precisamos resolver o problema da elasticidade e flexibilidade do Exército. Há também a necessidade de expansão da Marinha, que precisa ser instalada em um ponto próximo à foz do Amazonas e no Nordeste”, disse. Compras de material tecnológico no exterior trarão, segundo Jobim, vantagens tecnológicas ao Brasil. “Não somos compradores de instrumentos. O que visamos é a capacitação nacional para a construção de equipamentos tecnológicos como, por exemplo, o submarino nuclear”, enfatizou.Jobim garantiu que a crise com os países vizinhos não influenciou na preparação do documento. “O Plano Nacional não é contra ninguém. É a favor do Brasil. Nós não estamos nos organizando em termos de inimigos, mas em termos de capacitação do país”, disse o ministro. “Acho que pelo menos a curto prazo não exerce influência, mas é algo que tem de ser pensado”, avalia Jungmann.Segundo o parlamentar, se o Brasil quer ter projeção no mundo, precisa de defesa. “Hoje, além das águas territoriais, a Organização das Nações Unidas (ONU) autoriza a exploração do fundo do mar. Mas o que se vê são potências querendo fazer pesquisas para assegurar pontos estratégicos de controle das vias marítimas. Ou seja: de transporte. Isso tem tudo a ver com o desenvolvimento do Brasil”, afirmou, após dar o crédito da informação ao ministro Jobim. Jungmann defende que o tema precisa ser debatido no Congresso Nacional porque envolve questões que vão além de guerras, terrorismo, narcotráfico, desastres ecológicos, e as descobertas petrolíferas brasileiras. “O plano vai gerar uma agenda legislativa enorme. Teremos de mexer nas leis de licitação, de serviço militar obrigatório, e na questão da garantia da lei e da ordem”, disse. O presidente da frente parlamentar antevê dificuldades para a tramitação no Legislativo. “A primeira é a necessidade de atualizar o pensamento do Congresso à necessidade de defesa do Brasil. Temos uma visão pacifista e permaneceremos com ela, já que não temos adversários nem agressores. Outro problema será de caráter orçamentário, porque evidentemente um plano como este vai gerar compromissos  de médio-longo prazo. E a gente sabe das dificuldades fiscais do Brasil”, afirmou.