Operação da PF desmonta esquema de fraude em importação de mercadorias

25/11/2008 - 13h26

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Polícia Federal prendeu namanhã de hoje (25), no Rio de Janeiro, treze pessoas suspeitasde envolvimento em um esquema de fraude em importaçãode mercadorias vendidas pelo grupo varejista Casa & Vídeo.Entre os detidos estão LuigiFernando Milone e Attílio Milone, apontados como sóciosda empresa. De acordo com estimativa da Receita Federal, o grupo podeter sonegado R$ 100 milhões em impostos nos últimosdois anos. Um acusado está foragido.A Operação Negócioda China, realizada em conjunto pela Polícia Federal, ReceitaFederal e Ministério Público Federal, foi deflagradacom o objetivo de cumprir, além dos 14 mandados de prisãotemporária, outros 21 de busca e apreensão nos estadosdo Rio de Janeiro e do Espírito Santo.De acordo com o superintendente daPolícia Federal no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, até ofim do dia, devem ser apreendidos, em diversos depósitos,materiais importados por meio do esquema fraudulento suficientes paralotar 80 carretas e oito carros blindados.Durante as investigações,iniciadas há cerca de dois anos, a polícia verificouque o grupo fazia um planejamento de compras com exportadores daChina. Essas mercadorias eram importadas por outras empresas ligadasà rede varejista, sem pagar os impostos que incidem neste tipode operação, como o Imposto por Produto Industrializado(IPI). Além disso, o valor que constava nas notas fiscais pelaimportação das mercadorias era subfaturado.“Como não poderia importardiretamente esse material, a empresa utilizava várias outras ,que na realidade eram extensões da própria rede,efetuava as compras e pagava o preço acertado com o exportadorque emitia notas com preços subfaturados. Dessa forma, a redevarejista sonegava os impostos que recairiam sobre o valor cheio dasmercadorias”, explicou a superintendente regional da ReceitaFederal, Eliana Polo Pereira.Ela informou que a identificaçãodos responsáveis pelo esquema foi dificultada porque os donosdas empresas envolvidas no esquema são na verdade outrasempresas que têm sede nas ilhas Virgens Britânicas, umparaíso fiscal.“É um emaranhado de empresasque torna difícil identificar quem são os verdadeirosdonos”, afirmou.A superintendente revelou, ainda, queos recursos para a compra dos produtos também vinham doparaíso fiscal, o que configura lavagem de dinheiro. Asinvestigações ainda não permitiram apontar, noentanto, a origem desses recursos, que, segundo a PF, provavelmentetambém é ilícita.Ainda de acordo com Eliana PoloPereira, os sócios das empresas envolvidas no esquema eramremunerados por meio do pagamento de trabalhos não prestadoscom emissão de notas frias. “Esse montante entrava nacontabilidade da empresa que poderia ainda abater dos impostosdevidos”, acrescentou.Os acusados, que estão presosna sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio, edevem ser transferidos ainda hoje (25) para o presídio de ÁguaSanta, na zona norte da cidade, podem ser indiciados por sonegaçãofiscal, formação de quadrilha, descaminho, evasãode divisas e lavagem de dinheiro.