Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Foz do Iguaçu - Representantes do Paraguai, Brasil, Uruguai e Argentina decidem hoje(25), em Foz do Iguaçu, os próximos passos para agestão compartilhada do Aqüífero Guarani. Asatividades do projeto, criado em 2003, terminam em janeiro de2009. O assunto está em debate no Fórum de Águas das Américas, que se encerra hoje na cidade.Segundo o coordenador do Programa do AqüíferoGuarani ( PAG), Luiz Amore, os resultados dos estudos indicam a necessidadeda gestão compartilhada do manancial. O AqüíferoGuarani é um reservatório de água subterrânea,um conjunto de rochas arenosas e porosas. Esses materiaisdepositaram-se neste lugar entre aproximadamente 245 e 144 milhõesde anos.O aqüíferoé transfronteiriço, pois está localizado porbaixo do território de quatro países sul-americanos: naArgentina, a extensão é de 225,5 mil quilômetros,no Brasil, de 840 mil, no Paraguai de 71, 7 mil e no Uruguai 58,5 mil quilômetros. O que totaliza 1,2 milhão de quilômetros aosudeste da América do Sul. De acordo com oespecialista, além do sistema de informação e domonitoramento, o PAG criou modelos matemáticos que permitemprever o comportamento do aqüífero em situaçõescomo exploração mais intensa, suscetibilidade àcontaminação em áreas próximas dasuperfície ou uso para o turismo termal. Ao todo, foramdesenvolvidos quatro projetos-pilotos nas cidades de Concórdia(Argentina) e Salto (Uruguai) – para águas termais; Ytapua,no Paraguai – sobre o impacto da agricultura no aqüífero;Ribeirão Preto (SP), devido ao intenso uso da água doaqüífero para abastecimento público e industrial,Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (Brasil). “Nessasduas cidades o aqüífero está em regiõesde afloramentos e apresenta níveis da água bastantesuperficiais, o que o torna vulnerável a contaminação.Tal é o caso de Rivera, onde se fez necessário fecharos poços por apresentarem altos índices de nitratos. EmLivramento, apesar da cobertura de saneamento ser similar, nãose registrou tal tipo de contaminação”, explicou.Nesse sentido, oprojeto mostrou que o aqüífero não é um marde água doce, como chegou a ser difundido mas são comobolsões de água com diferentes características“ora águas quentes, ora acessíveis e vulneráveis,ora muito profundas e protegidas”.Com a conclusãodos estudos, que envolveram US$ 26 milhões – US$ 13 milhõesdo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) do Banco Mundial e US$ 13milhões de contrapartida dos países – aresponsabilidade agora, segundo o coordenador, é com aslideranças, técnicos, pesquisadores, autoridades epopulações dos países envolvidos para que esteconhecimento seja disseminado. Amore disse que um dosbenefícios do PAG foi colocar na agenda política dospaíses a questão das águas subterrâneas edo Aqüífero Guarani. Um ponto importante foi a legislaçãoque autoriza o uso (outorga) e até a cobrança, que jáocorre em algumas regiões no Brasil, como nas bacias dos riosParaíba do Sul e Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).Uma das propostasapresentadas no Fórum de Águas das Américas, quetermina hoje em Foz do Iguaçu, foi a transformaçãodo atual Conselho Superior do Projeto em Conselho de Cooperaçãopara dar continuidade e estabelecer instâncias em cadapaís.