Campanha contra dengue prevê mapeamento para apontar nível de contágio no Rio

12/11/2008 - 13h36

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As conseqüências da epidemia de dengue no último verão no Rio de Janeiro não se limitaram ao campo da saúde. Segundo um levantamento divulgado hoje (12) pela Federação do Comércio do estado (Fecomércio-RJ), cerca de 30% das empresas do Rio tiveram funcionários infectados pela doença. Com isso, cada um deles faltou em média seis dias. Para evitar que a situação se repita no próximo ano, a entidade lançou hoje, em parceria com o governo estadual, uma campanha de combate à doença. Entre as medidas, está a realização de um mapeamento inédito para apontar o nível de contágio da população.Para isso, a partir da próxima segunda-feira (17), alunos de enfermagem do Senac Rio, coordenados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coletarão sangue de aproximadamente 4,5 mil pessoas. As amostras para realizar o levantamento serão coletadas nas unidades do Sesc Rio, do Senac Rio e da própria Fecomércio. Segundo o secretário de Saúde do estado, Sérgio Côrtes, a iniciativa vai permitir direcionar melhor os esforços do governo.“Com esse mapeamento sorológico, poderemos verificar a que tipo de vírus a população está mais exposta. Isso é de fundamental importância para combater novo surto”, destacou. A campanha, que vai contar com a participação de 98 agentes de saúde voluntários, também prevê visitas, a partir de amanhã (13), a residências em áreas onde foram registrados os maiores números de casos este ano. Nesses locais, serão distribuídos materiais educativos sobre o combate aos focos do mosquito transmissor. Também será elaborado um mapa situacional baseado na distribuição de questionários para medir o conhecimento da população sobre os métodos de combate aos criadouros do Aedes aegypti. Durante o lançamento, o futuro secretário municipal de Saúde do Rio – que assumirá o cargo na administração do prefeito eleito Eduardo Paes –, Hans Dohmann, destacou que todos os esforços serão feitos para reduzir os casos de dengue no município. Segundo ele, o apoio do Exército será requisitado se for preciso. “Vamos tentar resolver todas as questões com esforço local, estadual e municipal, em conjunto, mas se houver necessidade, vamos contar com as Forças Armadas”, afirmou.Dohmann também garantiu que pode repetir a estratégia de montar tendas de hidratação na cidade para atender aos pacientes com suspeita de infecção, caso haja necessidade. Durante o evento, o governador Sérgio Cabral voltou a defender a união das três esferas de governo, além da iniciativa privada, para combater a dengue no estado. “Eu só acredito em parceria. O estado não tem governo suficiente, o município, o governo federal, as entidades de classe também não. A população sozinha muito menos. Mas, se todos derem as mãos, os problemas são enfrentados e solucionados”, enfatizou.Segundo dados da Secretaria de Saúde do estado, de janeiro a agosto de 2007 foram identificados no Rio 57.640 casos de dengue. Em 2008, considerando o mesmo período, esse número saltou para 250 mil.