Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial
Belo Horizonte - Formado em economia e cotado mais de uma vez para ocupar oMinistério da Fazenda, o atual prefeito de Belo Horizonte, FernandoPimentel (PT), disse hoje (27) que conversou com o presidente Lula sobrea necessidade de se buscar meios para evitar o aumento do desemprego diante da crise financeira internacional. Essa deve ser, na opinião de Pimentel, a precaução prioritária do governo federalpara minimizar os possíveis reflexos da crise nas grandes cidades brasileiras. “O objetivo que devemos perseguir basicamente é, sehouver consequência da crise sobre o Brasil, tentarmos como primeiraprioridade proteger o nível de emprego. Nos últimos anos, esse nívelatingiu recorde histórico, com taxas muito altas e adequadas, comconseqüente redução da criminalidade nas grandes cidades brasileiras. Então, temosque proteger o emprego do trabalhador e da população economicamenteativa. Isso é que está garantindo o começo de uma estabilidade e umapaz social grande para o Brasil”, defendeu.Questionado se a redução da taxa de juros básica, a Selic, seriarecomendável para estimular o empresariado a manter e a criar empregos, oprefeito preferiu esquivar-se de um comentário que pudesse causarconstrangimento a companheiros de partido ou a integrantes do governofederal.“Opinar sobre isso [redução de juros] poderia pareceringerência inadequada na política do Banco Central”, disse.“Não vou dar receitas para não entrar na área dos meus amigos GuidoMantega [ministro da Fazenda] e Paulo Bernardo [ministro doPlanejamento], eles sabem como fazer”, acrescentou. Administrador da terceira maior cidade do país, Pimentelconsidera que ainda não é possível prever as dificuldades que a crisetrará para o novo prefeito, seu aliado Márcio Lacerda (PSB),empresário do ramo de telecomunicações e ex-secretário deDesenvolvimento Econômico do estado. Pimentel admite, entretanto, que há riscode comprometimento de projetos futuros.“Duas coisas nos preocupam. A possibilidade de haveruma queda da atividade econômica nas grandes cidades brasileiras e issoimpactar as receitas do município. Se ocorresse, seria muito ruim, recessão com queda de receita dos impostos. Outra preocupação é umrecuo da atração de investimentos internacionais para o Brasil, porqueo Brasil se tornou, nos últimos dois anos, um porto adequado para essetipo de investimento. Se reduzir a entrada do capital, pode atrapalharos grandes projetos no âmbito do PAC [Programa de Aceleração doCrescimento]”, afirmou. Quando acabar seu mandato à frente da prefeitura de Belo Horizonte no final do ano, Pimenteldisse que pretende descansar, porque está há quase 16 anos cumprindofunções na administração municipal. O prefeito se negou a responder se aceitaria um possível convite para integrar o governo federal depois de deixar o cargo.