Cientista político diz que aliança PSDB-PT não foi determinante para vitória em BH

27/10/2008 - 15h48

Marco Antônio Soalheiro
Enviado Especial
Belo Horizonte - A vitória de MárcioLacerda (PSB) sobre Leonardo Quintão (PMDB) na disputa pelaprefeitura de Belo Horizonte não teve como principal aspecto aaprovação da aliança informal entre PT e PSDB emtorno do socialista, mas sim uma rejeição crescente aoseu adversário. A avaliação foi feita hoje (27) pelocientista político da Pontifícia Universidade Católicade Minas Gerais (PUC-MG), Malco Camargos, em entrevista àAgência Brasil. “Parte dos votos de Lacerda foramconquistados pela aliança, parte pela imagem pessoal dele, queficou mais nítida nos programas do segundo turno e,principalmente, por um sentimento de rejeição que seformou na classe média em relação a Quintão”,explicou Camargos. “A aliança foi responsável sópor parte dos votos, mas não pela vitória total”,acrescentou.Na visão do especialista,Quintão se valeu de um discurso simplório e direto parase aproximar com eficiência do povo no primeiro turno, masdeixou a desejar quando o eleitor passou a querer conhecer mais osprojetos para a cidade. Lacerda, por sua vez, se credenciou paravencer ao corrigir o erro do primeiro turno de explorar unicamente aaliança. Entre um turno e outro, a diferença entre osdois subiu de 2% para quase 19% dos votos válidos. “O comportamento estáticode Márcio Lacerda no primeiro turno levou a eleiçãopara o segundo e o comportamento estático de Quintão nosegundo definiu a disputa”, assinalou Camargos. O PT saiu das eleiçõesem Minas, segundo Camargos, mais forte no estado e mais enfraquecidona capital, pois boa parte de sua militância não seenvolveu na campanha de Lacerda. Houve também divergênciasexplicitas entre os principais expoentes do partido, e o atualprefeito Fernando Pimentel (PT) – arquiteto da aliança com oPSDB, do governador Aécio Neves - e o ministro doDesenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. “O PT sobe de 80 para 120prefeituras em Minas, mas há uma cisão interna de suasbases que terá de ser superada”, ressalvou.O cientista político tambémdiscordou da tese de que o governador Aécio Neves (PSDB) saiufortalecido para futuros projetos nacionais. “A estratégiaapontada por ele em BH como exemplo para o Brasil não rendeuuma vitória acachapante”, argumentou. Já o PMDB mineiro teve emQuintão, ressaltou Camargos, um palanque que há muitonão possuía na capital mineira. Mas o partido seenfraqueceu no estado, ao cair de 142 prefeitos eleitos em 2004 para120 em 2008. Pelo que acompanha e conhece do partido em Minas,Camargos entendeu que os peemedebistas tendem a se aproximar mais doPSDB do que do PT, pela maior prestígio de momento dogovernador Aécio Neves.