Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os países do Mercosul podem elaborar mecanismos conjuntos para impedir a entrada de produtos subfaturados no bloco econômico, disse hoje (27) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. A proposta foi feita pela Argentina durante reunião de chanceleres, ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais da América do Sul, que se encontraram em Brasília.A proposta, explicou Amorim, não consta do documento final da reunião, mas pode ser posta em prática. O chanceler, no entanto, afirmou que essa proposta só deve se usada em situações especiais. “A defesa comercial conjunta do Mercosul, em tese, pode ser utilizada, mas desde que não tenha caráter discriminatório”, alegou.O chanceler brasileiro ressaltou que considera a integração comercial o melhor remédio para amenizar o impacto da instabilidade financeira internacional sobre o continente sul-americano. Ele admitiu, porém, ser necessário que os países da região reforcem a vigilância para conter a entrada de produtos artificialmente baratos de países que passaram a exportar menos por causa da crise.“Nessas questões, temos de estar muito vigilantes, porque vivemos uma situação totalmente nova. É como se estivéssemos no espaço sideral, onde não podemos aplicar a lei da gravidade como na Terra”, comparou Amorim.Essa situação poderia ocorrer com a China, que passaria a vender para o Mercosul produtos que não conseguir exportar para outros países. O chanceler, no entanto, destacou que o problema não vem de agora e que o Brasil está preparado para tomar providências.“Os problemas com a China ocorriam antes, mas se identificarmos a tendência para dumping, ou seja, de jogar para nosso mercado produtos que eram vendidos para outras regiões, saberemos usar os instrumentos que existem e, quem sabe, usar algum mecanismo criado em conjunto”, destacou.Ele citou como exemplo o aumento da Tarifa Externa Comum (TEC) para os tecidos chineses, proposto pelo Brasil e aprovado pelo Mercosul no ano passado.