Em Porto Alegre, candidatos vão adaptar seus programas à nova realidade financeira

23/10/2008 - 14h33

Mylena Fiori
Enviada Especial
Porto Alegre - É cedo para falar em revisão de programas de governo, mas as equipes dos dois candidatos à prefeitura de Porto Alegre sabem que o município terá que apertar os cintos no ano que vem, devido à já anunciada desaceleração da economia global, conseqüência da crise do sistema financeiro. E isso deve representar ajustes no orçamento da cidade.Clóvis Magalhães, coordenador da campanha do candidato à reeleição José Fogaça (PMDB), ponderou que o país ainda está sob os efeitos de um processo de aumento de consumo e de produção de riqueza. “Ainda não chegamos ao momento mais agudo em que a crise vai se projetar sobre o setor público”, avaliou. Em 2009, a situação será outra. “Imagino que, no próximo ano, vamos ter um reajuste de posicionamento em relação à execução orçamentária, porque os níveis de receita projetados podem sofrer algum tipo de reflexo. Mas execução orçamentária é isso”, admitiu. Segundo ele, para equilibrar as contas da prefeitura já foram necessários ajustes na execução orçamentária dos três primeiros anos da administração de Fogaça.O importante, segundo Magalhães, é manter as contas saneadas para que a cidade continue recebendo créditos internacionais. “Porto Alegre tem condição de estar com suas contas equilibradas e ter uma perspectiva de transitar pela crise com alguma sustentabilidade”, afirmou o coordenador.Adão Villaverde, coordenador de campanha de Maria do Rosário (PT), ponderou que o Brasil vive hoje uma condição absolutamente distinta daquela dos anos 90, com reservas mais fortes, diversificação das relações internacionais e comerciais e um amplo mercado interno. “Além disso, independente da crise, os recursos existem e o país deve seguir investindo, não deve ficar paralisado. Em um cenário desses, vamos ter como trincheira para enfrentar a crise a parceria com o governo federal”, afirmou.Ele disse que é cedo para falar em revisão do orçamento. Primeiro, segundo Villaverde, é preciso vencer as eleições. “Temos que tomar cada medida no seu tempo, não vamos antecipar uma tomada de decisão”, afirmou. Mas reconheceu o problema que vem pela frente: “Não vamos tapar o sol com a peneira e não levar em conta que a crise mundial, a crise do capitalismo e do modelo neoliberal é uma crise muito grande. È evidente que vamos levar em conta tudo isso”.O projeto do orçamento de Porto Alegre para 2009 foi entregue à presidência da Câmara de Vereadores no dia 15 deste mês. A previsão é de R$ 3,3 bilhões, contra R$ 2,82 bilhões do orçamento de 2008. Deste total, R$ 1.726 bilhão é receita própria, R$ 1.356 bilhão vem de transferências, R$ 123 milhões vêm de operações de crédito e as receitas orçamentárias representam R$ 186 milhões.