Amanda Cieglinski
Enviada Especial
Joinville (SC) - O resultado da disputa pela prefeitura emJoinville (SC) pode indicar tendências para o cenáriopolítico catarinense. Um possível resultado negativo nas urnas do candidatoDarci de Matos (DEM) significará uma derrota pessoal do atualgovernador do estado, Luiz Henrique da Silveira (PMDB). É o que avalia ohistoriador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), WaldirRampinelli. “O Luiz Henrique é de lá[Joinville], foi prefeito de lá e apostou muito na cidade. Seo Darci não vencer é uma derrota acachapante para ogovernador”, analisou Rampinelli. Por outro lado, a vitóriado petista Carlito Mers representaria uma vitória tambémda senadora Ideli Salvati, que apóia o candidato e “quer sergovernadora”, aponta o historiador.Joinville tem hoje 487 mil habitantes – mais doque a capital Florianópolis – e 340 mil eleitores. A partirda década de 1950 viveu um período de grande expansãoda atividade industrial, chegando a ser chamada de a “ManchesterCatarinense”, uma alusão à cidade inglesa, que foi um dos berçosda revolução industrial.Mas, de acordo com Rampinelli, hoje a cidade viveoutra realidade. “Joinville foi muito importante em Santa Catarina nos anos1960e 1970 por causa da industrialização. As pessoas vinhammuito do interior para trabalhar em Joinville e havia emprego paratodo mundo. Hoje, a cidade não tem mais esse surto industriale já há pessoas fazendo o contrário, voltandopara o interior. Joinville não abriga mais tantamão-de-obra”, apontou.No primeiro turno, Darci de Matos (DEM), dacoligação Joinville Cidadã(PSL-PSDC-PSDB-PHS-PTdoB-DEM) teve 23,96% dos votos contra 36,14% deCarlito, da coligação Joinville de Toda Sua Gente(PT-PR). Rampinelli destacou que os processos de cassaçãoque Luiz Henrique enfrenta atualmente na Justiça, contribuempara o desgaste da imagem dele e, conseqüentemente, de Darci. Nacapital, Florianópolis, Luiz Henrique apóia DárioBerguer (PMDB), atual prefeito, que disputa o segundo turno com oex-governador Esperidião Amim (PP). “São duas candidaturas de cunhoconservador, as duas de direita. Sendo que a esquerda apóia oAmin porque o Dário está tentando ser reeleito, o irmãodele já é prefeito de São José [municípiodo estado], então é um novo grupo político quevem surgindo”, disse.O historiador lembrou que Santa Catarina foigovernada por muito tempo por oligarquias ligadas ao latifúndioe ao sistema financeiro. “Eram duas grandes famílias, Ramose Bornhausen. Com a ditadura militar ele se juntaram e foram criandosuas continuidades. Uma delas é o Amin, que hoje écandidato, mas não é mais apoiado por essasoligarquias, tem vôo próprio”, concluiu o historiador Waldir Rampinelli.