Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Até o fim deste ano, o Brasil deve finalizar a primeira parte da construção de uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais em Moçambique. A fase inicial inclui adequação de área física, capacitação de corpo técnico e aquisição de equipamentos, segundo informou o laboratório Farmanguinhos, responsável pela produção desse tipo de medicamento distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com HIV. O laboratório, com sede no estado do Rio de Janeiro e ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), será o responsável por coordenar os trabalhos da nova fábrica na África.Segundo o coordenador da Unaids no Brasil (órgão das Nações Unidas para a aids), Pedro Chequer, Moçambique não é signatário do acordo mundial sobre patentes o que faz com que a fábrica de Farmanguinhos, no país africano, seja estratégica para o Brasil.“Os países mais pobres têm uma espécie de 'termo de graça' que eles podem produzir [medicamentos] e não são obrigados a adotar a lei de patentes de imediato. O Brasil adotou essa lei precocemente e isso foi realmente ruim e uma perda muito grande do ponto de vista econômico e da capacidade técnica.”Para ele, a fábrica em Moçambique é um exemplo de que “projetos, experiências e estratégias brasileiras no combate à aids vêm sendo adotados por outros países”.“O Brasil se antecipou ao associar terapia e prevenção e se antecipou ao fazer tratamento anti-retroviral. Na época, inclusive, o país foi criticado pelo Banco Mundial e por cientistas que diziam que nós estávamos cometendo uma impropriedade técnica e que iríamos gerar um exército de pessoas resistentes a medicamentos, por causa do uso de anti-retrovirais”, lembrou Chequer.Para ele, o país sai na frente de novo ao implementar uma fábrica de medicamentos e um escritório regional da Fundação Oswaldo Cruz em Moçambique para promover a capacitação técnica em assistência à saúde nesse país. A finalização da transferência de tecnologia para o país africano deve acontecer até 2011.“Esse projeto que o governo brasileiro, através da CPLP [Confederação dos Países de Língua Portuguesa] está promovendo, é um passo importante para a construção de uma base sólida e crescimento técnico no próprio país [Moçambique]”, explica o coordenador da Unaids.