Brasil deve levar 20 anos para zerar desigualdade de renda entre negros e brancos, conclui Ipea

14/10/2008 - 0h30

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Estudo divulgado hoje (14) peloInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base emdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)2007, revela que a diferença de renda entre negros e brancos vem caindo nosúltimos anos e, se o ritmo for mantido, deve serzerada em 2029.

De acordocom o Ipea, a renda per capita dos negros representa menos da metade da renda domiciliar per capita dos brancos.“Trata-se de uma desigualdade particularmente detestável, namedida em que não é atribuível a nenhuma medidade mérito ou esforço, sendo puramente resultado dediscriminações passadas ou presentes”, informa odocumento.

Essadesigualdade, no entanto, começou a cair a partir de 2001. Até 2007, um quarto da diferença foi retirada. “Istoquer dizer que ainda faltam outros três quartos. Se o ritmocontinuar o mesmo, haverá igualdade na renda domiciliar percapita apenas em 2029”.

A reduçãoda desigualdade até agora não pode ser atribuídaà redução da discriminação racialnecessariamente, segundo o Ipea. Por causa do grande percentual denegros nas camadas mais pobres da população, a melhoriana distribuição geral da renda teve reflexos diretos naredução de desigualdades por raça.

“Épossível que que a redução da razão derendas não seja conseqüência de uma reduçãonas práticas discriminatórias e sim do fato de negrosserem maioria entre os beneficiários do Programa BolsaFamília, dos benefícios previdenciáriosindexados ao salário mínimo, do Benefício dePrestação Continuada e dos outros mecanismos de reduçãoda desigualdade geral”, avalia o Ipea.

Segundo aanálise, 72% da queda da desigualdade de renda entre negros ebrancos se deve à redução generalizada dadesigualdade na sociedade brasileira e apenas 28% aconteceu em razãoda mobilidade social dos negros, com migração para paraclasses mais altas. A ausência de políticas de açãoafirmativa “de grande envergadura” é apontada pelo Ipeacomo causa principal desse desequilíbrio.

“Apobreza é predominantemente negra e a riqueza épredominantemente branca”, ressalta o estudo.