Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Osefeitos da crise financeira mundial na atividade do agronegócio brasileiroserão sentidos em 2009. O alerta é docoordenador do Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada da Universidade de São Paulo(USP), o economista Geraldo Barros. Em entrevista ao programa RevistaBrasil, da Rádio Nacional, ele ressaltou que caso ogoverno não tome as medidas necessárias, o agricultorbrasileiro que fez investimentos em 2008, por conta docenário positivo do primeiro semestre, vai sentir o “baque”,sobretudo, nos preços das commodities.
“Este ano, tivemos uma safra importante, com um saldosignificativo, e vamos sentir mais os efeitos nos preços dasnossas matérias primas, que estão caindo. O faturamentovai ficar prejudicado em relação às expectativas que tínhamos de crescimento próximo a 10%.Infelizmente, essa crise pode frustrar as expectativas”, disse o economista.
ParaGeraldo Barros, o “fantasma da crise mundial” tem se mostrado presente nopaís. “Nahora de vender, os preços vão estar deteriorados. Omercado vai estar com um grande volume de produção esem uma capacidade de escoamento em recursos para adquirir essa safrae movimentá-la. O risco é ter uma grande quantidade deprodução a preços baixos e o produtor tendo quese desfazer dela logo na boca da safra, sem condiçõesde armazenar e negociando devagar a sua safra”, afirmou Barros.
O economista da USP, acha, entretanto, que a situação podeser encarada como “fazer do limão uma limonada”, uma vezque o Brasil possui terra, minérios, petróleo e águaa seu favor. Para Barros o Brasil possui“todas as bases” para se tornar líder assim que a crisefor superada.
“O quenós temos que fazer é administrar bem esse processoaqui, dar uma arrumada na casa, tornar o nosso governo mais capaz deinvestir – o que é nossa limitação:investimentos em infra-estrutura, logística e energia – paraprepararmos o terreno, usarmos com sabedoria os recursos naturais quetemos e ocuparmos o papel de liderança mundial que temos pelafrente.”
A curtoprazo, segundo Barros, o consumidor brasileiro vai ser beneficiadopela queda dos preços das commodities.