Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar das altas generalizadas das bolsasde valores em todo o mundo, registradas hoje (13) em resposta amedidas de apoio à liquidez bancária, adotadas simultaneamente porpaíses ricos ou em desenvolvimento, alguns analistas do mercadofinanceiro, no Brasil, ainda não acreditam que a reação das economias se dará de forma crescente econstante.É o caso do consultor Décio Pecequilo, da TOVCorretora de Câmbio e Valores Mobiliários. Ele acredita que “as altasde hoje refletem apenas a expectativa do recente anúncio daforça-tarefa de diversos países, porém isso não quer dizer que a crisedeixou de existir ou mesmo que os investidores já recuperaram aconfiança”.Segundo Pecequilo, até o momento, “estamos indo na onda do quefoi anunciado”. Ele alerta que existe grande distância entre o discursoe a implementação do pacote. Ou seja: como será injetado o dinheiro naeconomia e por quanto serão comprados os chamados ativos podres,principalmente pelos Estados Unidos e pelos países europeus mais diretamenteafetados pela crise das hipotecas imobiliárias.Por sua vez, o chefe do Departamento Econômico doBanco Schahin, Sílvio Campos Neto, acha que qualquer previsão éarriscada diante das perspectivas de volatilidade ainda elevada nospreços dos ativos, com oscilações fortes nos mercados de ações e nocâmbio.Ele diz que “no momento, a cautela é fundamental paraevitar perdas indesejáveis”, uma vez que as flutuações ocorrem diantede rumores e decisões muitas vezes distantes do conhecimento da maioriada população. Ele destacou que, nos últimos 30 dias encerrados no dia 10, o Índice Bovespa registrou perda de 28% e que, só hoje, recuperou metade das perdas.Campos Neto ressalta, ainda, que a turbulênciaexterna tem influenciado fortemente a taxa de câmbio, com o real sendoa moeda mais desvalorizada em relação ao dólar norte-americano, desde oinício de setembro quando se acentuou o “estresse do mercadofinanceiro”.Ele entende, contudo, que o patamar de cotação dodólar é exagerado, mesmo considerando-se a queda de hoje, de mais de7,5%, com a moeda americana cotada a R$ 2,145. Segundo ele, “comreservas [internacionais] altas e um diferencial de juros positivo, éprovável que a taxa de câmbio recue nas próximas semanas”.