Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A atuação conjunta dos países que integram a chamada zonado euro pode não dar fim à crise financeira mundial,mas tem capacidade para, pelo menos, estancar as oscilaçõesdos mercados internacionais. A avaliação foi feita pelo professor do Departamento de Ciências Políticas daUniversidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, em entrevista hoje (13) ao programa Notícias daManhã, da Rádio Nacional.
No últimosábado, líderes de 15 países da zona do euroreunidos em Paris anunciaram que vão permitir empréstimos interbancários para conter os estragoscausados pela crise financeira. Para Peixoto, o encontro podeprovocar uma “reversão de expectativa” nas liderançasmundiais, uma vez que uma ação conjunta tende a acalmaros mercados.
Segundo Peixoto, a situação é de extremacomplexidade e o cenário é uma espéciede repetição do que o mundo viveu em 1929, mas com impacto maior já que a economia mundial émais interdependente do que naquela época, quando não haviaa União Européia e o Brasil não dispunha sequer do Banco Central.
“Umacoisa muito difícil de se resolver é que essa situaçãotoda está muito baseada em um aspecto subjetivo, que é a confiança. A idéia é restabelecer a confiança– este é o primeiro ponto a ser vencido. É algo quedepende muito da decisão de cada um, não é algoque possa ser comprado na prateleira ou imposto por legislação. Virá com o resultado da percepçãodos investidores e dos cidadãos no que diz respeito àsmedidas tomadas”.
Peixotodestaca que ospaíses emergentes já têm maior forçafinanceira e que poderiam contribuir para a solução dacrise – sobretudo, Brasil, Rússia, Índia e China(Bric). Apesar de comporem um bloco econômico e políticoimportante nas relações internacionais, as quatronações, de acordo com o especialista, nãotêm voz condizente com a sua posição.
“Hásempre um déficit de participação nas decisõestomadas a nível mundial. Tanto é que o Brasil pleiteiaum lugar no Conselho de Segurança da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) e vários outros paísesentendem que ele precisa ser ampliado. As economias brasileira, russa,indiana e chinesa são expressivas não só norelacionamento econômico entre [esses países] mas [do bloco] com o resto domundo.”
No casoespecífico do Brasil, ele destaca que um país com quase220 milhões de habitantes, com uma classe média que sefortalece e se amplia, com um parque industrial extremamentediversificado e com um mercado consumidor ávido, a conclusãoóbvia é de “uma economia de peso”. “Para nãofalar da questão geopolítica e da própriapresença do Brasil na América do Sul”, ressaltou.