Jogos com conteúdo violento fazem sucesso entre as crianças

11/10/2008 - 0h46

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Papai, é só um jogo”, explica o garoto de seis anos ao pai, que, preocupado com o conteúdo violento do GTA, um dos jogos eletrônicos mais vendidos no mercado brasileiro, resolveu se aproximar e assistir à seqüência de crimes “cometidos” pelo filho. No GTA, para sobreviver em uma cidade grande, o jogador tem que praticarvários crimes. “Precisa matar velhinhas e tudo mais”, descreve o pai, GeorgeAndré Melo, professor de Educação Física, morador do Rio de Janeiro.A resposta do filho teve um tom tranqüilizador para oprofessor. “Se ele pensa que é só um jogo e, na vida real, continua tratando aspessoas com respeito, é amável, não vejo problema. Os jogos violentos acabamatraindo mais a atenção das crianças”, afirmou George.Para os jogadores, o grande atrativo é que o brinquedo dámais de 10 mil opções do que fazer em uma cidade grande. “Cada vez que se jogaé um jogo diferente. Não precisa seguir rigorosamente um roteiro”, explica umjornalista, contumaz jogador de GTA. “Acho meio violento para crianças, porquepressupõe que o jogador é um bandido. É um jogo de roubar carro, assaltarbanco, explodir pessoas. Não daria para meu filho de seis anos”.Nos Estados Unidos, a Entertainment Software Rating Board,agência que regula os programas de entretenimento, classificou o GTA com a letra M, de mature (maduro, adulto). Nesse caso, a agência norte-americanaliberou o jogo para maiores de 17 anos. No Brasil, o Ministério da Justiça classificou o jogo para maiores de 18anos, mas a  classificação serve mais para orientar a ação dos pais do que paraimpedir a venda já que se pode comprar livremente o GTA e outros jogos comconteúdo violento no mercado paralelo ou ainda, baixar gratuitamente pelainternet as versões mais antigas.O grande problema é que não há como barrar o acesso das crianças a tais jogos. "Meufilho de sete anos conseguiu o joguinho na própria escola. Ele trocou por umjogo do Bob Esponja que eu havia dado a ele’, disse uma funcionária pública, quepreferiu não ter o nome divulgado.Outro jogo da mesma linha do GTA é o Bully, que oficialmente nãochegou a ser vendido no mercado brasileiro. Mas só oficialmente, porque étambém possível baixar seu conteúdo pela internet e encontrar cópias no mercado pirata.O Bully leva a violência para o ambiente escolar e,pela proximidade com o cotidiano das crianças, acabou fazendo mais sucessoentre os adolescentes. O Bully também é conhecido como Canis CanemEdit, do latim: “Cão come cão” e é feito pela mesma empresa, a GrandTheft Auto. Por não ter sido comercializado no Brasil, não há classificaçãoindicativa para o Bully.