Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os policiais civis em greve realizaram hoje (30) manifestação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital paulista, quando se reuniram com deputados estaduais. Eles pediram aos parlamentares que intercedam na negociação entre o governo e a categoria, que reivindica aumento salarial. Em semana de recesso na Casa, poucos deputados - a maioria deles representantes de partidos de oposição ao governo do tucano José Serra - participaram do encontro. Segundo a comissão de greve, 800 policiais compareceram ao ato na Alesp.A categoria pede reajuste de 15% este ano, retroativo a 1º demarço (data-base da categoria), mais 12% em 2009 e outros 12% em 2010. Também cobra a incorporação do adicional de local deexercício ao salário, aposentadoria especial e reestruturação da carreira. Segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, a adesão dos policiais à greve é de 80% na capital e de 95% nos municípios do interior.De acordo com o presidente do sindicato dos delegados, José Martins Leal, o ato na Assembléia faz parte de uma séria de manifestações que a categoria está realizando. "Na semana passada, fomos até a porta do secretário [da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão]. Agora, estamos na porta do Poder Legislativo. É o momento do Poder Legislativo descruzar os braços e procurar conversar com esse governo insensível, que nos trata com descaso e nos vê como despesa”, disse Leal.No ato da assembléia, entre apitos e gritos, os manifestantes pediram novamente a saída de Ronaldo Marzagão da Secretaria da Segurança Pública. Eles também reclamaram do fato de o governo não se abrir à negociação. “O governo está se mantendo de portas fechadas como ele já estava fazendo”, reclamou Leal.Segundo Leal, a população do estado está se prejudicando “parcialmente” com a greve, já que apenas casos graves, como flagrantes e homicídios, estão sendo registrados nas delegacias. “Com isso, a pessoa acaba tendo prejuízo, mas nós estamos pedindo encarecidamente que a população compreenda a situação e que veja isso como uma oportunidade de ser solidária a uma causa que é justa e legítima”.Para o deputado Roberto Felício (PT), o governo tem sido intransigente com os policiais, embora exista um “espaço orçamentário” para conceder o aumento para a categoria. “Hoje o governo está gastando 9% a menos do que o chamado limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Portanto, há possibilidade de atendimento não só das reivindicações da polícia, como da educação, da saúde e da agricultura”. Felício propôs hoje a criação de uma comissão de deputados, com a participação do líder do governo na Alesp, o deputado Barroz Munhoz, para intermediar a negociação do governo com a categoria.“Queremos que o governo reabra a negociação e ponhamos um fim a essa situação, que evidentemente gera insegurança para a população do estado. A percepção de segurança é bastante grande e o papel do policial é importante para zelar pelos interesses da sociedade”, disse Felício.Por telefone, o deputado Barroz Munhoz (PSDB) disse que não pretende participar da comissão e que os partidos da situação não pretendem interceder na negociação da categoria com o governo, enquanto os policiais continuarem em greve. “Achamos que a greve é inoportuna e política e que está acontecendo num momento inadequado”, disse ele.Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou, até o momento, sobre a manifestação de hoje dos policiais e sobre a proposta da criação da comissão para intermediar as negociações com o governo.