Lula diz que crise é grave e reafirma preocupação com falta de crédito

30/09/2008 - 18h29

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a destacar sua preocupaçãocom a falta de crédito no Brasil como um dos possíveis reflexos dacrise econômica dos Estados Unidos e reconheceu que o problema é muito sério. A declaração foi feita hoje (30), em Manaus, onde Lula reuniu-se  com os presidentes da Venezuela, HugoChávez, do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales."Certamente, talvez seja uma das maiores crises econômicas de todos os tempos", disse o presidente. "Podemos correr riscos".Apesar derevelar preocupação, Lula garantiu que não existe um "gabinete decrise" [grupo ministerial formado para tratar do assunto no Brasil],mas declarou que tem se reunido sistematicamente com o presidente doBanco Central, Henrique Meirelles, e com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior, Miguel Jorge, para tratar da política econômica nacional."Atéo momento, não tivemos problemas com a crise financeira dos EstadosUnidos. O que pode acontecer com alguns países, não só com o Brasil, éque a crise gere problemas de crédito. Mas tenho me reunidosistematicamente com ministros e com o presidente do Banco Central. Emse tratando de política econômica, o trabalho deve ser feito comtranqüilidade e transparência", afirmou.Na última sexta-feira, o Banco Central informou que o crédito continuou em expansão no Brasil no mês de setembro, mas comrecursos captados no mercado interno.Depoisda reunião, Lula e Chávez participaram de uma reunião bilateralampliada para assinatura de diversos acordos envolvendo os dois países.Entre eles, estão termos de cooperação técnica para implementação deprogramas de agricultura familiar e cooperação industrial no Brasil ena Venezuela.Deacordo com Lula, os acordos firmados mudarão a históriaeconômica da Venezuela. O presidente brasileiro também afirmou que asrelações bilaterais entre os dois países estão melhorando e que o papeldo Brasil é contribuir para que os países vizinhos cresçam juntos."Éuma obrigação do Brasil ser solidário com a economia dos paísesvizinhos no continente sul-americano. Certamente, a atual criseeconômica dos Estados Unidos é uma das maiores dos últimos tempos. Adiferença é que, desta vez, os Estados Unidos estão na crise e nósestamos sólidos e precavidos. O Brasil fez as lições de casa e eles nãofizeram", disse o presidente.O presidente venezuelano tambémse mostrou preocupado com possíveis reflexos da crise econômica norte-americana,mas  fezquestão de ressaltar que nenhum país pode dizer que não será afetado pelacrise. Na opinião de Chávez, é preciso garantir maisintegração entre os países latino-americanos para fortalecer aseconomias dessas nações."A crise é muito séria e não sabemos o seutamanho. Ninguém sabe até onde vai chegar este crash. Eu sou um dos quecrêem que o crash do neoliberalismo vai ser pior do que o de 1929 e vaiafetar o mundo inteiro. Nenhum país pode dizer que não será afetado",avaliou Chávez.