Economista americano diz que regulação do mercado não é suficiente para conter a crise

30/09/2008 - 17h00

Sabrina Craide
Enviada Especial
Brasília - A regulação do sistema financeiro não será suficiente para conter os efeitos da crise econômica dos Estados Unidos. A opinião é do consultor financeiro e professor do Departamento de Matemática da Baruch College, em Nova York, Sylvain Raynes.“Hoje existe mais regulação que nunca, e nunca tivemos uma crise tão grande. Então, claramente, a regulação não está funcionando”, disse Raynes nesta terça-feira (30), em entrevista exclusiva à Agência Brasil.Para ele, é preciso uma intervenção mais forte do governo no mercado, para que as regras da economia sejam cumpridas. “O sistema bancário é muito importante para um país para ser deixado nas mãos dos banqueiros”.Ele acredita que, para que o país não enfrente novamente uma crise como a atual, é preciso investir em educação. “A educação sempre foi a resposta, em todos os países. Não podemos ter bons governos se as pessoas não são educadas”, afirma.Segundo Raynes, as pessoas que fizeram empréstimos para comprar suas casas também são culpadas pela crise, da mesma forma que os banqueiros e o governo. “Muitas pessoas que ganham US$ 100 mil por ano e tem três filhos compraram casas de US$ 1 milhão. Essas pessoas não podem ter essa casa”, argumenta.Como muitos americanos, o consultor discorda do pacote de socorro enviado pelo governo americano ao Congresso, que prevê a injeção de US$ 700 bilhões para a compra de títulos de bancos que faliram.Ele disse que ficou feliz com a rejeição da proposta pela Câmara dos Estados Unidos ontem (29), mas acredita que a proposta será aprovada na próxima semana, mas com pequenas alterações. “Será basicamente o mesmo plano: o governo vai colocar muito dinheiro para comprar muitas ações dos bancos”.Raynes, que já prestou serviços para diversos bancos no Brasil, disse que o país poderá ser afetado indiretamente pela crise, mas considera que a economia brasileira está estável. “Lula está conseguindo conter a inflação”, avaliou.