Vladimir Platonow
Enviado Especial
Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) - Oscapítulos da nova Constituição da Bolívia que regulam a reforma agráriasão inegociáveis e o processo de distribuição de terras vai ser feitocom violência, afirmou hoje (19) o líder do governo de Evo Morales noSenado, senador Felix Rojas Gutierrez, do partido MAS.“O regime daterra, dos recursos naturais e dos recursos energéticos não semodificam e não são objeto de discussão. O único capítulo que pode sercompatibilizado é a questão da autonomia”, disse Gutierrez.“Oproblema fundamental, a coluna vertebral deste conflito, é a questão daterra. O latifúndio, localizado especialmente no leste e no sul do país,originou uma casta, um clã. Só o senhor Branko Marinkovic [presidentedo Comitê Cívico de Santa Cruz] tem um latifúndio três vezes maior quetoda a extensão da cidade de Santa Cruz. Essas terras vão ter que cumprir uma função social para beneficiar os que têm fome”, afirmou.Perguntadopelos jornalistas, à entrada do encontro que reúne governo e oposição,além de observadores internacionais, em Cochabamba, como seria feito oprocesso de desapropriação das terras, Gutierrez foi duro na resposta.“Todoparto implica sangue. E o nascimento de um novo país também implicasangue, sobre as cinzas de uma sociedade decadente, com uma classelatifundiária que veio se aproveitando nos últimos tempos com ganânciase negócios para encher os seus bolsos. Agora os pobres do país, nocomando do governo, vão conseguir, finalmente, construir sobre ascinzas desta sociedade decadente uma nova sociedade, com eqüidade,justiça e sem pobres”, declarou o senador do MAS.A posição de Gutierrez foi rebatida por outro senador, de oposição aogoverno, Carlos Borth, do partido Podemos. “Nós estamos discutindo asautonomias [dos departamentos] e o tema terra é um dos pontos a serdiscutido em diferentes níveis de governo. Ninguém quer que haja mortose feridos para introduzir reformas, se podemos fazer pela viademocrática”, disse o senador oposicionista.A posição foi apoiada pelogovernador de Tarija, Mario Rossio, principal negociador da oposição.“O tema terra não está agora na mesa de negociação, mas nada éinegociável.”Osegundo dia da reunião para encontrar uma solução política para aBolívia conta com a presença do secretário-geral da Organização dosEstados Americanos (OEA), Miguel Insulza.Amanhã (20) é aguardada apresença do presidente Evo Morales, que hoje viajou ao Panamá parareceber o título de honoris causa de uma universidade local.