Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em tempos de queda nopreço dos alimentos, existe um exagero por parte do BancoCentral no aumento dos juros. A crítica é do economistae professor da Fundação Getulio Vargas Yoshiaki Nakano.Segundo ele, asautoridades monetárias deveriam se preocupar mais em conter aexpansão do crédito do que com a alta dos juros.“O nosso BancoCentral é um dos poucos no mundo que está reagindodessa forma a uma inflação que veio de fora. Agora,estamos assistindo a uma queda na inflação dosalimentos e a inflação convergiria para a meta [de4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância] sem anecessidade de elevar os juros”, afirmou Nakano, ex-secretárioda Fazenda do Estado de São Paulo.Para o economista, aexpansão do crédito, que está crescendo acima doProduto Interno Bruto (PIB), deveria merecer mais atençãodo BC do que o rigor com a meta de inflação. “Isso pode darproblema lá para a frente, porque uma expansãoacelerada do crédito costuma gerar uma crise de inadimplênciano futuro”, apontou. Hoje, o Comitê dePolítica Monetária do BC anunciará a nova taxaSelic, que indica os juros básicos da economia e atualmenteestá em 13% ao ano.Em relaçãoao aumento de 6,1% no Produto Interno Bruto (PIB), divulgado hojepelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),Nakano disse que o Brasil está experimentando um novo padrãode crescimento. “Toda vez que aeconomia brasileira cresceu rápido, foi pela ampliaçãodo consumo de massa. Agora, estamos gerando emprego, aumentando amassa de salários e incorporando novos segmentos da sociedadeao mercado”, declarou.Ele sugeriu que oEstado brasileiro melhore a gestão, reduza a carga tributáriae gaste menos com a manutenção da máquinapública para promover o desenvolvimento do país.Para Nakano, parte doatraso no desenvolvimento do Brasil pode ser atribuída àsobrevivência, nos tempos atuais, de instituiçõespolíticas dos tempos coloniais. “Por causa dapersistência de certas instituições e práticas,temos até hoje um Estado centralizador, que extrai tributosdas regiões ricas e transfere essa renda para as elites dasregiões mais pobres”, disse.O economista defendeuuma série de reformas na administração públicapara que o Estado brasileiro, em vez de ser visto como obstáculopelo setor produtivo, torne-se indutor do desenvolvimento. Em primeiro lugar,segundo ele, o governo deveria reduzir a carga de impostos e, aomesmo tempo, cortar os gastos correntes – despesas com a manutençãodo setor público.Com esse procedimento,apontou Nakano, o governo poderá estimular a criaçãode empregos e investir mais, sem deixar de lado, no entanto, ocompromisso com o equilíbrio das contas públicas. “Oajuste precisa ser feito pelo lado das despesas, não dasreceitas”, apontou.Nakano participou doseminário comemorativo dos 200 anos do Ministério daFazenda.