Primeiro barco brasileiro movido a energia solar começa a navegar na Amazônia

27/08/2008 - 17h40

Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Uma pequena embarcação para quatro pessoas,que usa a luz do sol como combustível, começou a circular neste mêsnas águas do Rio Amazonas. É o barco Seisuí 1, que está sendo testadoem passeios ecológicos de hóspedes de um hotel da região.O fabricante do barco solar é o empresário mineiroFernando Garcia, que vive há 30 anos em Manaus. Garcia, sócio deuma empresa que produz estações de tratamento de esgoto, diz que teve aidéia de fazer um protótipo do barco solar há um ano e meio. Eleacrescenta que o projeto é pioneiro no Brasil, mas dez países játestaram a tecnologia, entre eles Inglaterra e Noruega.O empresário explica como funciona o motor do Seisuí, palavra japonesa que significa “água limpa”: "Os painéis solares captam a luz do sol,geram 150 watts cada um, com 21 volts de corrente. Esse painéisalimentam as baterias e o gerenciador de energia dos motores".A energia solar também abastece uma bateria reservapara navegar à noite ou em tempo nublado ou chuvoso. O barco é equipado com um pequeno motor convencional movido a álcool e leva algunslitros do combustível para o caso de falha no sistema elétrico, queestá em fase de testes. O Seisuí atinge a velocidade de 25 quilômetrospor hora, semelhante à de um pequeno barco tradicional na região, equipado com motor a diesel de15 hp e com dez toneladas de peso. A vantagemdo modelo solar, segundo Garcia, é o peso. Como o casco é feito emalumínio, o Seisuí pesa apenas 250 quilos.O construtor do Seisuí aponta outra vantagem do protótipo para os rios da região. '' Além da energia alternativa, é umaembarcação extremamente segura, muito difícil de naufragar epraticamente impossível de virar. Nós estamos precisando de novastecnologias nessa área aqui no Amazonas".Garcia diz que o projeto tem despertado interesse, e22 barcos já foram encomendados. Entre os pedidos, há dois hotéis naselva amazônica, uma prefeitura do Sul do país, que querdisponibilizá-lo para passeios turísticos em lagos. Há também um pedidodo barco para o monitoramento da qualidade de meio ambiente no Pantanal Matogrossense.O construtor não divulga o preço do barco, mas afirmaque a economia compensa. Enquanto a energia solar é gratuita e nãopolui, um pequeno barco convencional gasta em média R$ 500 em óleodiesel para navegar durante oito horas, o que equivale à duração dabateria do Seisuí.