Em metade dos municípios brasileiros só dois candidatos disputarão prefeituras

27/08/2008 - 18h53

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em 49,2% dos 5.556 municípios analisados pela ConfederaçãoNacional dos Municípios (CNM), a disputa pela governomunicipal ocorrerá apenas entre dois candidatos. Nasúltimas eleições municipais, realizadas em 2004,a mesma situação atingia 46,6% das prefeituras disputadas. O levantamento da CNM corresponde a 99,9% dos municípiosbrasileiros. O restante não foi incluído no estudo porque os dados não foram repassados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).Levantamento divulgado hoje (27) pela CNM mostra que, em 2.736 municípios, a eleição será travada apenas entre dois candidatos, o que, para o presidente da confederação, PauloZiulkoski, facilita a decisão dos eleitores. “Acho bom [a disputa entre doiscandidatos] porque há como clarear e aprofundar mais as propostas doscandidatos”, disse. De acordo com o mesmo levantamento, não há nenhum caso de disputa entre apenas dois candidatos nas capitais, onde as prefeituras estão sendo disputadas  por três ou mais candidatos.Naavaliação de Ziulkoski, quando há muitoscandidatos, os debates na televisão e nas rádios, porexemplo, ficam prejudicados. “É difícil reunir dez,onze candidatos para expor suas propostas”, destacou.Deacordo com o presidente da CNM, o crescimento das disputas entre doiscandidatos também reflete a fragilidade dos municípiosdentro do pacto federativo. Segundo ele, os municípios estãoenfrentando uma “onda de denuncismo” e isso acaba afastando “bonsgestores” da disputa e abrindo espaço para “oportunistas”.“Nosúltimos anos, não se passa uma semana sem que tenhamosnotícia da prisão de um prefeito. Onde tem corrupção,tem que haver punição e cadeia. O problema é queno município, que é o primo pobre da Federação,é muito mais fácil denunciar e colocar àexecração pública do que o grande [estados eUnião]”, afirmou Ziulkoski.“Tenhoacompanhado muitas pessoas que são bons gestores, que forambons prefeitos, que são bons gestores de empresas privadasque, ao serem procurados para se candidatar, alegam que nãoquerem ir para o meio político porque ele está muitoconturbado”, argumentou o presidente da CNM.Deacordo com Ziulkoski, quando a Controladoria-Geral da União(CGU) afirma que em mais de 80% dos municípios hácorrupção ou indícios de fraude no manuseio derecursos públicos, acaba por igualar cidades em quehouve pequenas falhas administrativas, com municípios em querealmente ocorreu crime. “Osmunicípios são muito mais fiscalizados [nacomparação com estados e a União] e queremosser fiscalizados. Mas gostaríamos que a lei valesse paratodos da mesma forma”, acentuou Ziulkoski, afirmando que "98% dosprefeitos do país são honestos".