Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os pequenos municípios brasileiros ainda deixam adesejar no que diz respeito à coleta e destinaçãodo lixo seletivo, avaliou hoje (27) o secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar Tiscoski, durante olançamento da 5ª edição do Diagnósticodo Manejo de Resíduos Sólidos/2006.
“Essediagnóstico envolve as regiões metropolitanas, osmunicípios de maior densidade populacional e, nessas regiões,o tratamento do lixo é mais adequado. Já nos municípiosmenores – e a grande quantidade deles não foi pesquisada –é onde está a maior incidência dos lixõese dos aterros não-controlados", disse o secretário nacional de Saneamento Ambiental.
Tiscoskiexplica que no lixão o resíduo é jogado semcondições técnicas e sem proteção.Ele estima que, no Brasil, há cerca de 2 mil deles, “umpassivo que precisa ser resgatado”. A solução,segundo o secretário, está na aprovaçãoda Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que ainda tramitano Congresso.“Precisaser estabelecida uma política de investimentos para estimularos municípios a recuperarem esses lixões. O aterrocontrolado é um intermediário, onde já existemalgumas condições técnicas razoáveis, masnão é completo. O aterro sanitário é oideal. Nele já existe uma área definida, uma cerca queprotege, há impermeabilização do solo para nãocontaminar, há o controle do chorume, que é o líquidoremanescente da decomposição orgânica do lixo, ocontrole e a queima desse gases. E não existem catadores.”
Outroproblema, de acordo com Tiscosky, é que o processo dereciclagem brasileiro prioriza o lixo seco, como o plástico, ometal e o papel. Ele avalia que existe uma grave “deficiência”na reutilização do lixo orgânico recolhido.
Elelembra que há ainda uma espécie de “priorização”por parte das prefeituras em relação aos recursos doPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC) – amaioria é voltada apenas para o tratamento de água eesgoto, mas não para os resíduos sólidos.
“Tivemos,no ano passado, R$ 300 milhões para financiamento einvestimento na área e sobrou recursos. Significa que nãohouve o interesse previsto.”
Omunicípio de Americana, no interior do estado de SãoPaulo, é um dos raros exemplos de pequenas localidades quecontam com políticas públicas voltadas exclusivamente aos resíduos sólidos. De acordo como diretor da Unidade de Limpeza Pública da cidade, CláudioFernando Rosseti, os cerca de 200 mil habitantes possuem 100% decoleta seletiva, além de coleta e destinaçãoadequada para pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e óleode cozinha.“Estamoslançando também, nas próximas semanas, a coletade lixo tecnológico, destinada àquele televisor que não temmais utilidade, o computador, o fax ou o telefone celular. Estamosatentos porque o consumo vem aumentando e, com isso, aparecenaturalmente as sucatas. E fomenta o lado social, porque vãoser criadas novas cooperativas de catadores voltadas exclusivamentepara esse setor.”
Eleexplica que os moradores de Americana participam desse processo, dando o material às equipes de coleta seletivaou deixando-o em locais de entrega voluntária. Ao todos, 21 postosmédicos espalhados pelo município recebem pilhas,baterias, lâmpadas fluorescentes e óleo de cozinha –tratado e reutilizado na frota de veículos municipais.