Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - A saltadora brasileiraMaurren Maggi é a primeira mulher sul-americana a conquistar oouro olímpico em atletismo. A primeira medalha de ourobrasileira no atletismo desde 1984. Com a vitória, o Brasilsubiu do 32º para o 26º lugar no ranking dos Jogos Olímpicos dePequim. A atleta ainda não tem dimensão do que issotudo representa. Neste sábado de manhã, apósdormir apenas uma hora, Maurren conversou com jornalistas econfessou: “Ainda não caiu a ficha”.Maurren contou que foidormir depois das 4h30 da manhã e deixou a medalha nacabeceira. Acordou chorando. “Estava sozinha no quarto, nãotinha com quem dividir isso comigo”, confidenciou. “Foi ummomento único e só meu”, completou. Revelou, ainda,que antes da competição recebeu o incentivo do ginastaDiego Hipólito que, apesar do favoritismo, ficou em 6º lugardepois de uma queda na série de solo. “Ele disse vai lá,conquista essa medalha que eu perdi”, contou a saltadora.Mais do que umaconquista para o esporte, a medalha de ouro de Maurren representa asuperação para uma atleta que esteve à beira deabandonar a carreira. Em 2003, às vésperas doPan-Americano de Santo Domingo, a atleta foi suspensa por doping, pordois anos, devido a um componente de uma pomada cicatrizante. Comisso, ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Atenas e decidiuabandonar o atletismo. Teve uma filha, resolveu retornar àspistas e voltou a competir em 2006.“[A medalha]Significa muito, é dar a volta de uma maneira que nem eu mesmaestou acreditando”, disse a atleta. “Voltei para o atletismo em2006 sem saber se podia continuar saltando seis metros, sabia quetinha que dar o melhor de mim para conseguir sete e sabia que tinhaque dar o meu sangue para poder conseguir uma medalha olímpica”,contou. Maurren conquistou o ouro com um salto de 7m04.A sensaçãoagora, segundo ela, é de alívio. “Alívio portudo o que aconteceu na minha carreira e na vida pessoal. Nada maisjusto do que uma medalha olímpica”, disse. A superaçãofoi possível nas pistas, revelou. “Passado a gente nãoapaga, a gente aprende com ele”, afirmou.Questionada sobre o quemudaria na sua vida com o assédio daqui para frente, disse quecontinuaria sendo a mesma pessoa. “Adora freqüentar shopping”,revelou. “Sei que vai mudar muito para o esporte e isso é oque mais importa hoje. Vai ser grandioso, nosso atletismo hoje estábrilhando como nunca”, afirmou.Maureen contou que em2001 foi campeã mundial universitária em Pequim – afavorita era uma chinesa. Agora, antes de cada salto no Ninho dePássaro, pedia palmas de apoio do público e ouvia aresposta de 90 mil pessoas. Por tudo isso, tem certeza: Pequim dásorte. “Foi como um Pan-Americano grandioso para mim. Minha novacasa é a China.”Nos próximosmeses, Maurren participará de três competições– duas na Europa e uma em Xangai. Depois, quer tirar um mêsde férias antes de recomeçar os treinos. A meta:Londres 2012. “Não sei se vou estar na minha melhor formacomo estou hoje, mas vou batalhar muito para ir para Londres.”Para o técnicoNélio Moura, a presença de Maurren nas pistas éum incentivo aos demais atletas. “Quando ela voltou, deu um brilhodiferente na pista. Tenho certeza de que as conquistas recentes donosso grupo, em grande parte, se devem ao retorno dela”, disse aosjornalistas.Acompanhe a cobertura olímpica multimídia da equipe da Empresa Brasil de Comunicação no site China 2008.