Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Campanha Nacionalde Vacinação para Eliminação da Rubéola,que começa hoje (9) em todo o país, vai contribuir paraeliminar do mundo duas das mais importantes doenças, a rubéola e o sarampo, afirmou àAgência Brasil a virologista Marilda Siqueira,chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios eSarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).Na campanha deste ano, serão duas frentes: aprimeira, com a aplicação da vacina dupla viral(sarampo e rubéola) em homens e mulheres com idade entre 20 e39 anos de todo o país. A segunda, com a aplicaçãoda vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)em pessoas entre 12 e 19 anos nos estados do Maranhão, Rio deJaneiro, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Mato Grosso.Segundo a virologista, até o momento, só foipossível eliminar totalmente duas doenças comvacinação. Uma delas foi a varíola, e a outrafoi a poliomielite, esta somente nas Américas.“Temos agora uma nova oportunidade de eliminarduas outras doenças, que são a rubéola e osarampo, que vêm causando em várias regiões domundo tanto morbidade (indicador de ocorrência de umadoença em determinada população), quanto umíndice de mortalidade bastante expressivo”..Ela destacou que a rubéola, ao acometermulheres grávidas que não tenham anti-corpos e sejamsuscetíveis ao vírus, pode provocar uma série dedoenças nos bebês, como surdez e problemas dedesenvolvimento mental. “A gente vê o tamanho daresponsabilidade de uma campanha dessas”.Marilda Siqueira recomendou que todos devem sevacinar, inclusive os homens, já que uma mulher suscetívelpode pegar o vírus do companheiro, marido ou namorado, ou emqualquer ambiente em que esteja, já que a transmissão éfeita por via respiratória.“No cinema, na escola, no ambiente de trabalho.Qualquer pessoa que esteja com essa doença poderátransmiti-la para outra que não esteja protegida. Portanto,todos devem tomar a vacina para estarem protegidos e assim a genteconseguir eliminá-la”.A campanha pretende imunizar, até o dia 12de setembro, 70.149.025 homens e mulheres brasileiros na faixa dos 20aos 39 anos de idade, além das populações de fronteira e os indígenas que vivem emaldeias.Todas as doses da vacina para a campanha foramimportadas pelo governo federal, informou Marilda Siqueira. Acampanha no Rio de Janeiro é coordenada pela SecretariaEstadual de Saúde. A iniciativa é reconhecida pelaOrganização Pan-Americana de Saúde (Opas) como amaior operação de vacinação jáefetuada em todo o mundo. O governo brasileiro comprometeu-se junto àOPAS em erradicar a rubéola do país até 2010. A chefe do Laboratório de VírusRespiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz lembrou quea vacina é contra-indicada para mulheres grávidas. Casouma mulher tome a vacina e descobra, até um mês depois,que está grávida, a recomendação éque procure uma unidade de saúde para fazer um acompanhamentonormal da fase pré-natal.Segundo Marilda Siqueira, na campanha de2001/2002, quando 28 milhões de mulheres brasileiras foramvacinadas contra a rubéola, 20 mil mulheres que notificaramter descoberto a gravidez após a vacinaçãopassaram por esse acompanhamento e não tiveram problemas.“Essas mulheres e seus filhos recém-nascidosforam acompanhados e nenhuma criança nasceu com qualquer dossintomas da síndrome da rubéola congênita”,assegurou.O Laboratório de Vírus Respiratóriose Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz é referêncianacional para sarampo e rubéola para o Ministério daSaúde. Ele atua também como referência regionalpara as Américas, para a OrganizaçãoPan-Americana de Saúde (Opas).O laboratório faz o diagnóstico decasos de doenças equizantemáticas, isto é, quecausam algum tipo de lesão na pele ou nas mucosas, paraidentificar são sarampo ou rubéola. Além disso,a unidade da Fiocruz faz análise dos vírus circulantesno país. Esse trabalho permitiu constatar que os vírusque circulam no Brasil atualmente não são mais própriosdo país, mas provêm de outras nações.