Cai em mais de 7% a taxa de mortalidade neonatal na Santa Casa de Belém

07/08/2008 - 18h16

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A direçãoda Santa Casa de Belém informou hoje (7) que ataxa de mortalidade neonatal na instituição caiumais de 7% em julho, em comparação ao mêsanterior. Na avaliação da diretoria do hospital, adiminuição no número de mortes éresultado das ações desenvolvidas para resolver problemas ligados à saúde pública no Pará, que ganharam repercussão nacional com a morte de 253 bebês, de janeiro a junho deste ano, na Santa Casa. Nesse período, a taxa de mortalidade neonatalatingiu o percentual de 21,7%.Como parte das ações para rerverter a situação, médicos, enfermeiros efisioterapeutas do setor de neonatologia da Santa Casa participaram, na semana passada,de um treinamento promovido por especialistas do Instituto MaternoInfantil Professor Fernando Figueira de Pernambuco (Imip). Durante ocurso, eles foram orientados e atualizados sobre procedimentosvoltados ao tratamento de recém-nascidos.O treinamento foi recomendado pelo Ministério da Saúde. O instituto de Pernanbuco foi escolhido para coordenar o curso por  ser um centro de referência nacional para programas deassistência integral à saúde da mulher e dacriança. Além disso, o Imip também é um centrocolaborador para qualidade da gestão e assistênciahospitalar credenciado pelo ministério.De acordo com a assessoria de comunicação da Santa Casa, outrasiniciativas relacionadas à reestruturação dosberçários e UTI também estão sendotomadas desde o mês de junho, como a contrataçã, pela Secretaria de Saúde Pública do Pará(Sespa), de 20 leitos de UTI (dez em Belém e dez emAnanindeua).A expectativa é que os investimentos realizadospelo poder público tragam melhorias às condiçõesde transporte de bebês do interior do estado para o hospital e contribuam  para a implantação de Unidades de CuidadosIntermediários para recém-nascidos em municípiosconsiderados pólos. A  perspectiva é que também seja garantido o acessodas grávidas ao pré-natal de qualidade em todo o estadopossam. As autoridades do setores que isso resulte, a médio e longo prazos, em uma redução ainda maior do percentual de mortes de crianças nohospital. No próximo dia 19, a Procuradoria da União no Pará vai discutir asituação da Santa Casa de Belém com assecretarias de Saúde do estado e de Belém.. Deacordo com a procuradora regional dos Direiros do Cidadão,Ana  Karízia Teixeira, a situação dohospital e também da saúde pública no Parávem sendo particularmente observada este ano pela Procuradoria por causa dos problemas descobertos com o alto índicede mortalidade de crianças na Santa Casa de Belém.A reunião foi convocada pela Procuradoria eobjetiva contribuir para a melhoria do sistema público desaúde no estado. Segundo a procuradora, se os problemas nãoforem resolvidos, o caso pode resultar numa açãojudicial. "Queremos resolver isso extra-judicialmente e essareunião é justamente para que possamos encontrar umasolução para os problemas que atingem a Santa Casa, mas queestão relacionados a outras deficiências da saúdepública no estado", assinalou a procuradora. "Vamos ouvir as duas secretarias sobre asmedidas que estão sendo tomadas para reverter essas questões.Já nos reunimos com a direção do hospital eestamos com as propostas de adequação que eles fizeram.A partir de agora, vamos propor a criação de outrosleitos de UTI, seja em hospitais públicos, seja por meiode convênios com instituições privadas, e adisponibilização imediata de novos leitos em UTI e emunidades de cuidados intermediários", antecipou.Ainda segundo Ana Karízia, as propostas aserem sugeridas na reunião também têm como base orelatório apresentado em julho pelo Departamento Nacional deAuditoria do Ministério da Saúde (Denasus). Naavaliação do Denasus, o maior problema da saúdepública no Pará está na falta de assistênciaà atenção básica no interior do estado."Já não é mais segredo que as muitas mãesnão têm pré-natal e as crianças nascem semo acompanhamento devido", lamenta."Infelizmente, oproblema atinge o estado de modo geral. Recentemente, fizemos umainspeção em seis unidade de saúde de Belémpara verificar as condições do atendimento àsgestantes e constatamos que em todas faltavam medicamentosbásicos. Nosso trabalho resultou não só nadescoberta e denúncia, mas também nas recomendaçõespara reposição imediata desses remédios",acrescenta Ana Karízia.De acordo com a Procuradoria daUnião no Pará, as condições deatendimento nas unidades de saúde pública do interiordo estado estão sendo acompanhadas por outras representaçõesda Procuradoria nesses municípios e pelo MinistérioPúblico Estadual, sobretudo em 15 deles, de onde provêma maior parte dos pacientes encaminhados à Santa Casa deBelém. "Eles assinaram um termo de compromisso com aSanta Casa se comprometendo a avisar o hospital sempre que foremencaminhar algum paciente. Eles não costumavam avisar.Colocavam o paciente na ambulância e o mandavam diretamentepara Belém. Isso era um grande problema e impedia que a SantaCasa fizesse o preparo necessário para rceber qualquerpaciente", conta. Entre os municípios que mais enviampacientes para a Santa Casa de Belém estão Marabá,Altamira e Santarém.