Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O aumento recente dospreços e os efeitos das elevações dos jurosbásicos para redirecionar a inflação àsmetas deve levar à redução, ainda que parcial,do ritmo de crescimento do comércio varejista. A conclusãoestá no Boletim Regional, divulgado hoje (7) pelo BancoCentral.
Neste ano, o Comitê de PolíticaMonetária (Copom) do Banco Central já elevou a taxabásica de juros (Selic) em 1,75 ponto percentual. A taxa estáatualmente em 13%. A projeçãode analistas de mercado é que a inflaçãoultrapasse o limite superior da meta (6,5%) estabelecida peloConselho Monetário Nacional. O centro da meta é de4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.A expectativado Copom é trazer a inflação para o centroda meta em 2009.
“A inflação dosalimentos, fenômeno observado em diversos países, tendea limitar, em magnitudes diferentes, o crescimento do comérciovarejista verificado recentemente”, diz o boletim. O que o quesustenta o crescimento do comércio varejista, embra apublicação, é a "esperada continuidade deexpansão da economia brasileira, alicerçada nocrescimento do crédito, do emprego e da massa salarial real”.
De acordo com o boletim, mesmo com ocrescimento da economia no primeiro trimestre, observa-se aumento dadiferença no desempenho do comércio entre as regiões,relativamente a 2007. Isso decorre principalmente da desaceleraçãodas vendas na Região Norte, por conta da “elevada base decomparação e do aumento dos preços dosalimentos”.
O boletim explica que o aumento dospreços dos alimentos tem impacto maior no comércio dasregiões onde parcela maior da renda dos consumidores édirecionada para aquisição de produtos básicos.Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA), o peso de alimentos e bebidas no orçamento familiar émais alto nas Regiões Norte (32,8%) e Nordeste (25,4%),enquanto a média nacional é de 22,5%.
Com relação aodesemprego, o BC destaca as “diferenças expressivas” nastaxas médias de desocupação de cada regiãodo país. A taxa média relativa a Porto Alegre, porexemplo, atingiu 8,2% no período, enquanto a de Salvadorsituou-se em 15%.
O documento também informa queem Recife e em Salvador os postos de trabalho seriam insuficientespara absorver os indivíduos à procura de emprego. EmSão Paulo, no entanto, as elevadas taxas de desocupaçãonão decorreriam de insuficiência na oferta de empregos,mas possivelmente do número de pessoas nascidas em outrasregiões.
De acordo com o boletim, a geraçãode empregos na construção civil, o crescimento dasimportações, dos financiamentos e do consumo de cimentosugerem que o processo de expansão dos investimentos (formaçãobruta de capital fixo) atinge todas as regiões do país.