Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Pelo menos 20comunidades do Rio de Janeiro estão recebendo influênciadireta do tráfico ou da milícia para beneficiardeterminados candidatos nas eleições deste ano. Segundo levantamentodivulgado pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio deJaneiro (TRE-RJ), desembargador Roberto Wider, a atuaçãodos milicianos se concentra em localidades dos bairros de Santa Cruze Jacarepaguá, na zona oeste, e especialmente nas favelas deRio das Pedras e Carobinha.Já o tráficode drogas, segundo o levantamento, estaria agindo nas favelas daRocinha e do Vidigal, na zona sul, e na Vila Cruzeiro, que éparte do Complexo do Alemão, na zona norte. Nessas localidades, sóos candidatos que têm o apoio de milicianos ou traficantespodem fazer campanha, criando-se verdadeiros currais eleitoraisurbanos.O desembargador RobertoWider, porém, não vê necessidade imediata deconvocar forças federais para garantir a segurança daseleições no estado.“Nós vamosfazer um levantamento em relação aos problemasefetivos. Há problemas reais e outros noticiados. Entãovamos fazer uma apuração para termos elementos. Podehaver uma certa politização desta questão. Entãotemos que trabalhar com ponderação e equilíbrio.Não será feito nada que possa tumultuar os trabalhoseleitorais da eleição de 2008 no estado do Rio deJaneiro”, ponderou.Wider criticou ainfluência eleitoral que as milícias impõem emdeterminadas áreas da cidade. “Essa questão damilícia é negativa e não podemos admitir nenhumtipo de controle da vontade popular. Nós lutaremos paragarantir aos eleitores a maior liberdade possível”, disse.Segundo o presidente doTRE, a influência eleitoral das milícias e do tráficonão é nova, mas agora toma proporçõesmais graves. “Nós estamosverificando que eles estão se imiscuindo na atividade pública,buscando criar representantes fora da lei e trazê-los paradentro das organizações ou do governo de maneirageral”, disse.O desembargadorreafirmou que vai vetar candidatos com passado criminoso, que têma “ficha suja”. “Nós nãoabriremos mão dessa nossa luta pela moralidade no exercíciodo mandato eletivo, observada a vida pregressa dos candidatos,justamente para podermos afastar da política esses candidatosque são absolutamente indesejáveis para atuaçãonesses papéis.”Amanhã (29), opresidente do TRE vai se reunir com representantes do governo doestado e das Polícias Civil, Militar e Federal, para avaliarse é possível garantir o processo eleitoral na cidadesó com o efetivo estadual ou se é preciso convocartropas federais.Na quarta-feira (30),Roberto Wider vai a Brasília tratar do assunto com opresidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro CarlosAyres Britto, e possivelmente com o ministro da Justiça, TarsoGenro. Só então deverá ser tomada algumadecisão, disse.No último fim desemana, traficantes da Vila Cruzeiro impediram jornalistas deacompanhar uma visita do senador Marcello Crivella (PRB), candidato aprefeito, e chegaram a obrigar que as fotos fossem apagadas damemória das máquinas fotográficas.