Alimentos devem manter pressão inflacionária, diz analista de empresa de consultoria

28/07/2008 - 13h56

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os alimentos continuarão pressionando os índices inflacionários,embora a média de preços esteja sinalizando queda no ritmo de remarcações. A previsão é daanalista de economia da empresa de consultoria Tendências,Ariadne Vitoriano. Segundo a analista, a cotação dos produtos agrícolas, emalta no comércio atacadista,ainda não foi repassada ao mercado varejista.Para Ariadne, adesaceleração observada no cálculo doÍndice de Preços ao Consumidor (IPC) poderia ter sido maior. Calculado pelaFundação Instituto de Pesquisas Econômicas(Fipe), o IPC mede a variação do custo de vida dasfamílias residentes na cidade de São Paulo com rendaentre um e 20 salários mínimos. A taxa relativa àterceira prévia de julho, divulgada hoje (28), indica avançode 0,56% contra 0,59% da segunda prévia.“Esperávamos um recuo maior da inflação”,disse a analista, observando que permaneceram em alta no períodoos preços das carnes bovinas e do feijão, cerealindispensável na mesa da maioria dos brasileiros.Entre os produtos pesquisados pela Fipe, osalimentos tiveram aumento médio de l,55% na terceiraprévia de julho, contra alta anterior de 1,85%. A variaçãofoi a sexta seguida em processo gradual de desaceleraçãodesde a quarta quadrissemana de maio, quando a taxa havia chegado a 3,17% e atingido a maior alta desde dezembro de 2002 ( 3,36%). Opreço das carnes bovinas subiu em média 5,09%,sobretudo peças como músculo (mais consumido em diasfrios para compor os ingredientes de sopas), com correçãode 12,77%; fígado (12,92%) e costela (9,55%).Na lista dos produtos in natura, o tomateapareceu como o item mais caro (13,55%). Nas feiras livres dacapital paulista, o quilo do tomate chegou a passar de R$ 5., mas emalguns pontos de venda já houve ligeira queda. No entanto, orecuo só deve se refletir nos cálculos futuros. Tambémficaram mais caros o quiabo(11,21%), a cenoura (4,11%), o chuchu (9,45%) e a abobrinha (6,07%).Segundo Ariadne, no IPC desseperíodo foi surpresa a permanência da deflação emhabitação (-0,11%, mesmo percentual da segunda prévia).“O resultado está relacionado às contas de luz comvariações em baixa, por causa da política derepasse dos benefícios concedidos sobre o PIS/Confins, mas, jánas próximas pesquisas, devem ocorrer mudanças”,afirmou a analista, referindo-se ao impacto sobre o reajuste datarifa concedido neste mês. Ela disse que, nas contas deagosto, a população de São Paulo deverá sentir no bolso o peso da correção.Pelas projeções da analista, o IPCda Fipe deve chegar ao fim do ano com alta de 7%. A variaçãoestá um pouco acima da previsão de Ariadne para oÍndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estimadoem 6,7%. O levantamento do IPCA é feito pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base noconsumo de bens e serviços das famílias com renda de uma 40 salários mínimos das regiões metropolitanasde São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Goiânia eDistrito Federal.Para o Índice Geral de Preços deMercado (IGP-M), Ariadne prevê alta de 12,5% no fechamento doano. Para ela, a decisão do Comitê de PolíticaMonetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros(Selic) de 12,25% para 13% ano ano,só deve se refletir emqueda dos índices inflacionários no longo prazo. ASelic foi elevada pelo Copom na semana passada.