Deputado diz que "boi pirata" apreendido no Pará está morrendo

24/07/2008 - 6h12

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deputado GiovanniQueiroz (PDT-PA) afirmou que o Instituto Nacional do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nãoestá tratando corretamente as mais de 3 mil cabeças degado apreendidas na Operação Boi Pirata, realizada hámais de um mês na Estação Ecológica daTerra do Meio, no Pará. Segundo ele, jáfaz uma semana que se tem notícia da morte de váriosanimais. “Tem uma única pessoa para cuidar de todo orebanho, quando seria preciso umas 12 pessoas. O Ibama não estádando assistência, não dá comida suficiente efalta água”, afirmou o parlamentar. Como o gado nãoé para abate, não há interesse de frigoríficosno leilão desses animais, que já já teve duastentativas frustradas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do total, há 1.455vacas e 486 bezerros. Além disso, o deputado disse que os bois,que poderiam ser abatidos, “já emagreceram muito”. Queiroz afirmou que apopulação local está revoltada. Os moradores, quetrabalham nas fazendas da região, temem um efeito dominó,com a apreensão do gado de outras fazendas. “Eu acho que nãovão conseguir vender o gado. A população estásolidária com o produtor. E se acharem um comprador, vãoter dificuldade para retirar os animais”, advertiu.Para o deputado, umaúnica medida do governo poderia ter evitado que se chegasse àsituação atual. “Se o Estado indeniza asbenfeitorias, acabou. A terra é mesmo do Estado. A criaçãoda Estação Ecológica da Terra do Meio foi em2005. Ninguém fez novas derrubadas desde o decreto. Se oprocedimento fosse normal, com a indenização dasbenfeitorias, não haveria esse impasse”, explicou. Segundoele, o prazo para o levantamento do valor das benfeitorias eindenização aos produtores já estávencido.O parlamentar tambémdisse ter alertado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, sobre umpossível confronto. “Eu disse para o ministro: vamos à mesa de negociações antes que a agressão se torne pior. Se houver sangue,a culpa será do senhor”, contou o deputado.Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuáriado Estado do Pará (Faepa), Carlos Xavier, não há comohaver comprador se não há controle da sanidade dosanimais. “Como é que vai fazer um leilão virtual emque as pessoas não sabem a sanidade dos animais?”, indagou.Nessa quarta-feira (23), o ministro Carlos Minc disse que o terceiro leilão do “boi pirata”, que serárealizado segunda-feira (28), terá preçolivre, ou seja, as ofertas poderão começar com qualquervalor. Procurado,o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, FlávioMontiel, que se encontrava em reunião, não retornou as ligações. Emdeclarações terça-feira (22), porém, Montiel havia garantido que ofracasso dos dois primeiros leilões se devia a ameaças de políticos daregião. Montiel afirmou que os compradores não devem sepreocupar com a ameaça desses políticos. “Toda asegurança necessária à retirada dos animais serádada ao ganhador do leilão", garantiu, em nota divulgada pelo Ibama.