Brasil tem papel importante nas relações entre países sul-americanos, diz professor

18/07/2008 - 5h53

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A visita do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva à Bolívia e àColômbia neste fim de semana será importante para aceleraro processo de integração na América do Sul epara a concretização das ações da Uniãode Nações Sul-Americanas (Unasul). A avaliaçãoé do professor de Relações Internacionais daUniversidade de Brasília (UnB) Virgílio Arraes. Para ele, o Brasil temum importante papel como mediador das relações entre ospaíses do continente, especialmente entre a Colômbia e aVenezuela, que recentemente tiveram suas relações estremecidas. “Apresença brasileira como mediadora pode contribuir para quehaja uma proximidade maior entre os dois países, e assim oprocesso de integração possa seguir mais robustamente”, afirma. Arraes avalia quecriação da Unasul é uma idéia excelente,mas que ainda faltam condições políticas para que aintegração do continente se concretize. Um dosobjetivos da viagem de Lula é justamente debater com ospresidentes da Bolívia e da Colômbia o andamento dasações referentes à Unasul. O principal requisitopara que a integração proposta pela Unasul seconcretize é a dissolução de divergênciaspolíticas, que, segundo Arraes, muitas vezes se tornamdesavenças econômicas. Ele diz também que épreciso criar políticas sociais para intensificar a livrecirculação de pessoas dentro da América do Sul. “É um processoque leva anos. São muitas as dificuldades, e os esforçosdeveriam ser para concretizar blocos menores, como o Mercosul e aComunidade Andina. Assim, a Unasul surgiria quase naturalmente”, acrescenta o professor. Segundo ele, os paísesda América do Sul não têm condiçõesde concretizar, a curto prazo, a criação de um ConselhoSul-Americano de Defesa, nem de um Banco Central único para aregião. O professor diz ainda que é preciso primeiro promover maior integração física e política docontinente e melhorar a infra-estrutura dos países, alémde intensificar o comércio entre eles. Arraes lembra que oBrasil não deve se posicionar oficialmente sobre a presençadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(Farc) no país, que, na sua avaliação, vive situação próxima à de uma guerra civil. “Casoconvocado, o Brasil não poderia se furtar a colaborar. Mas nãoacredito que o Brasil se disponha a ter uma participaçãointensa em uma questão que é local: o conflito entre ogoverno central e forças militares bem armadas e com umaplataforma política”, afirma.

NaBolívia, Lula deverá assinar a liberaçãode US$ 230 milhões para o governo de Evo Morales usar naconstrução da rodovia Rurrenabaque-Riberalta. ParaArraes, o anúncio do financiamento sinaliza uma parceriapolítica entre os presidentes.

“Avisita tem um reflexo de proximidade entre os dois países, quesinaliza o desejo do governo boliviano de normalizar o seurelacionamento com o Brasil, o que afastaria o fantasma de a Bolíviase tornar um elemento de instabilidade regional”, avalia oprofessor.