Tia diz à polícia de Brasília ignorar qualquer agressão sofrida por adolescente índia

08/07/2008 - 23h14

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A tia daíndia Jaiya Xavante, Maria Imaculada Xavante, disse hoje (8)em depoimento à Polícia Civil que não presenciounenhuma agressão que possa ter provocado a morte daadolescente, no último dia 25. De acordo com a polícia,Jaiya, de 16 anos, sofreu perfuração dos órgãosgenitais e morreu durante cirurgia no Hospital Universitáriode Brasília.

Maria Imaculada foi apontada por uma fonte da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) comoprovável responsável pelas agressões. Jayiavivia desde o dia 28 de maio, com a mãe e a tia, na Casa deApoio à Saúde Indígena (Casai), mantida pelaFunasa.“Ela detalhou o que ocorreu nodia anterior à morte. Contou que elas [mãe e tia deJaiya] não presenciaram nada [nenhuma agressão],elas conviveram com a menina todo o dia anterior à morte, atéser levada ao hospital”, relatou o ouvidor nacional de DireitosHumanos, Firmino Fecchio, da Secretaria Especial de Direitos Humanosda Presidência da República, que acompanhou odepoimento.

Segundo Fecchio, Maria Imaculada e airmã, Carmelita Xavante, mãe de Jaiya – que prestoudepoimento ontem (7) – reclamaram das condições deatendimento da Casai, mas não apontaram culpados para a morte daadolescente. “Apenas contaram o que elas viveram, o que elaspresenciaram.”O representante da SEDH afirmouainda que Maria Imaculada chorou ao lembrar da convivência coma sobrinha durante o depoimento. “Ela reafirmou que cuida da meninadesde criança, que ela amava a sobrinha, que elas eram amigase que ela sabe o que é perder uma filha, porque ela játeve a experiência de perder um filho doente procurandosocorro. E que ela jamais faria isso para a sobrinha”.Na avaliação deFecchio, o relato de hoje pode determinar novos rumos para ainvestigação. “Apareceu uma quantidade enorme deoutros nomes, de outros fatos que precisam ser investigados”,apontou.

A irmã de Jaiya, LídiaXavante será ouvida amanhã (9) pela PolíciaCivil.