Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os moradores do Morroda Providência decidiram hoje (17) suspender as obras doprojeto Cimento Social na comunidade. De manhã, apósreunião com representantes do Exército, dirigentes daassociação de moradores informaram que somente as casasem fase final de obras serão terminadas – cerca de 20 de umtotal de 780. Nenhum representante do Exército falou àimprensa.Segundo a presidente da associação,Vera Melo, a finalização das fachadas e telhados decasas na Providência está prevista para quinta-feira(19), prazo dado para que o Exército informe sobre mudançasna implementação do Cimento Social e instale umaouvidoria na sede da associação. Implementado peloExército e financiado pelo governo federal, o Cimento Social tem afinalidade de reformar telhados e fachadas de moradias populares naProvidência.“O Exército tem até quinta-feirapara nos dar uma reposta. Ele [general Mauro César LorenaCid, comandante da 9ª Brigada de Infantaria do Exército] me pediu para ir a Brasília levar o problema”,disse Vera. “Vamos terminar as casas, que estão sem telhado,com plástico preto, porque, com a chuva, os móveispodem se estragar. Faremos os telhados e vamos parar.” De acordo com Vera, a comunidade quer a saídaimediata das tropas do Exército e a instalaçãode uma ouvidoria para receber denúncias de “arbitrariedades”cometidas pelos militares. “Eles usam spray de pimenta,chamam as meninas de tudo quanto é nome, quando mexem e elasnão confiam”, contou a presidente da associaçãode moradores.O presidente do Instituto de Defesa dos DireitosHumanos, João Tancredo, que participou da reunião,informou que, durante o encontro com os líderes da comunidade,os representantes do Exército pediram desculpas formais aosparentes dos três jovens mortos no último fim de semana. Depois de abordados no Morro da Providênciapor militares do Exército, os rapazes foram entregues atraficantes do Morro da Mineira. Seus corpos foram encontrados em umlixão em Gramacho, na Baixada Fluminense. Segundo Tancredo, os moradores do Morro daProvidência acham que podem conduzir as reformas sem a presençado Exército. “A associação de moradores podecoordenar o projeto. As pessoas lá querem obras, o que nãoquerem é violência”, disse ele, ao sair com osparentes das vítimas para formalizar denúncia noMinistério Público Estadual contra a União, porhomicídio triplo.