Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve hoje (17) noMorro da Providência, na zona Portuária do Rio, afirmou que haverá Justiça no caso dos três jovensda comunidade mortos com a participação de 11 militares.“Quero demonstrar, com absoluta clareza, a indignaçãodo Ministério da Defesa e do Comando do Exército do fato que ocorreu. Vamostomar todas as providências a fim de garantir que a justiça se realize. O quenão podemos permitir é que esse fato contamine a obra que está sendo feita. Oque não podemos é confundir o fato que aconteceu, com a ação do Exército e comas obras que estão sendo realizadas aqui. São completamente distintos”, disse o ministro que visitou as obras dereformas de casas que estão sendo feitas pelo projeto Cimento Social, coma participação do Exército.Após se reunir à tarde com líderes da comunidade na Associação dosMoradores, Jobim pediu desculpas oficiais em nome do governo. “Estamosreafirmando as desculpas que nós já manifestamos, o nosso pesar peloacontecimento e mostrando claramente que isso não vai se repetir.” Durante a reunião, o ministro ouviu o pedido de retirada dastropas do morro, mas evitou dar uma resposta imediata e disse que levaria oapelo ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para só depoisdecidir. Perguntado sobre o assunto pelos jornalistas que acompanharam a visitaao morro, Jobim foi reticente: “Isso é um problema que nós vamos resolver. Asobras vão continuar”.O comandantedo Exército, general Enzo Peri, também fez parte da comitiva que visitou o Morro da Providência.Para a presidente da Associação dos Moradores, Vera Melo, acontinuidade das obras é fundamental, mas sem a presença dos militares: “Eu nãoquero que a obra pare, pois está empregando 102 pessoas. Mas a gente quer asaída do Exército do morro. Não tem mais condição. E não é o tráfico que estámandando. É a comunidade que está pedindo”.Mais cedo, Jobim esteve reunido no Comando Militar do Leste (CML) com a cúpula do Exército e o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Jungmann disse que não é contra a presença das Forças Armadas no combate ao crime, mas afirmou que é preciso discutir a regulamentação legal do assunto."A primeira providência tem que ser a punição exemplar daqueles que cometeram esse desvio, que foi absurdo. As Forças Armadas têm as funções de defesa da soberania e da GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e isto não está regulamentado, o que é da maior gravidade e favorece incidentes trágicos como esse."O deputado disse que foi determinada a criação de uma comissão externa que deverá vir ao Rio com objetivo de elaborar um relatório sobre o assunto dentro de 15 dias. Jungmann também afirmou que será convocada uma audiência pública na Câmara para debater o papel das Forças Armadas no combate à violência.