Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O cientista socialJorge da Silva, especialista em segurança, afirmou hoje (17)que o Exército não deve atuar em conflitos urbanos.Ex-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro e professor daUniversidade Federal Fluminense (UFF), Silva disse que os militaresnão são preparados para esse tipo de operação.Segundo Silva, a morte de três jovens, moradores do Morro da Providência, no Rio, demonstrou que o Exército não deve operar em situaçãode polícia. Noúltimo fim de semana, os rapazes foram abordados por militares e depois entregues a traficantes do Morro da Mineira. Seus corpos foram encontrados depois em um lixão em Gramacho, na Baixada Fluminense.Para ele, o emprego das Forças Armadas comopolícia é temerário, assim como o inverso. Ocientista social lembrou que, há cerca de dois anos, quando oExército ocupou o morro para recuperar armas desviadas de umquartel, a atuação dos militares foi um fiasco. Silva chamou a atenção para o fatode que, desta vez, os militares estavam no morro por uma causa social. OExército foi chamado para implementar no Morro da Providênciao projeto Cimento Social, financiado governo federal. A finalidade doprojeto era reformar telhados e fachadas de moradias populares naregião. Ele afirmou que os desvios de pontuais depoliciais ou militares devem ser punidos exemplarmente pela legislaçãopenal e pela corporação militar. Entretanto, ressaltou,a sociedade deve saber diferenciar o Exército dos servidoresque descumpriram a orientação de seus chefes. Para Jorge Silva, o Exército deva deixar a comunidade. "Oque já aconteceu foi uma derrota para todos nós, para asociedade. Eu fico imaginando os militares no Morro da Providênciasendo hostilizados pelas pessoas, tendo que hostilizar. Vamos esperarque aconteça de novo? Eu acho melhor encontrar uma outra formade estar presente lá."De acordo com o cientista social, o paísnão deve expor as Forças Armadas a críticas ehostilidade por parte de moradores de comunidades carentes e civis,pois essas forças devem defender o país. Silvadescartou, no entanto, a possibilidade de os últimosacontecimentos prejudicarem a imagem do Exército, que, segundoele, é uma das instituições mais bem vistas empesquisas de opinião.