Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu hoje (17) a realização de uma reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), o quanto antes, para a negociação dos termos finais de um acordo na Rodada Doha. Os ministros dos quase 150 países que integram a rodada se reúnem de dois em dois anos. A última cúpula deveria ter ocorrido em dezembro de 2007, mas foi cancelada por não haver acordo prévio. As negociações da rodada já duram sete anos.“Acho que os ministros não podem se esconder atrás dos técnicos e dizer que não vamos fazer uma reunião ministerial para evitar um fiasco. O fiasco existe, mesmo que ele seja só dos técnicos. Os ministros têm a obrigação de ir lá, mesmo que seja para declarar o fracasso ou o adiamento”, afirmou Amorim. “Creio que os ministros podem gerar o impulso necessário”, completou.O chanceler defende a intensificação das negociações na tentativa de fechar um acordo até julho. Na sua avaliação, a mudança de comando nos Estados Unidos levaria a uma reavaliação das propostas, atrasando em mais dois ou três anos a conclusão da Rodada Doha. “Não acho fácil, acho que requer muita vontade política e realismo”, ponderou. Sob essa ótica realista, ele disse esperar que haja, ao menos, o compromisso para o fim dos subsídios domésticos em uma próxima rodada de negociações. Também espera a fixação de tetos para o apoio financeiro a produtos que prejudicam diretamente outros países, como algodão, açúcar e arroz.“Se eu quiser que todas as disciplinas que existem hoje para bens industriais passem a existir para os agrícolas, seria o ideal . Mas não é realista agora. Também não é realista querer que as tarifas sobre produtos industriais dos países em desenvolvimento desçam de maneira a desproteger totalmente o seu desenvolvimento industrial. Tem que haver um equilíbrio”, argumentou.Para Amorim, o Brasil não fará concessões que fragilizem o Mercosul. “Tudo vai ser negociado até o final, mas uma coisa não ocorrerá: o Brasil não vai ceder com relação à integridade do Mercosul e quem está apostando nisso pode esperar sentado”, ressaltou. Na barganha da rodada, os países ricos exigem dos países em desenvolvimento cortes nas tarifas para entrada de produtos industrializados. Ocorre que a Tarifa Externa Comum é a base da União Aduaneira a que se propõem Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.