Alta do PIB do agronegócio não significa lucro para o produtor, diz CNA

17/06/2008 - 18h34

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio registrou crescimento médio de 2,81% no primeiro trimestre, segundo dados apresentados hoje (17) pela Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A previsão é de que 2008 feche com crescimento superior a 10%, segundo o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta.Cotta, no entanto, não se mostrou animado com o resultado. “O crescimento do PIB do agronegócio não significacrescimento de rentabilidade para o produtor", afirmou. Ele explicou que o aumento dos preços dos insumos, comofertilizantes, aumentaram mais de 75%, em doze meses (até abril). Essa elevação, apesar de contribuir para o bom desempenho dosnúmeros do agronegócio, ao mesmo tempo, reduz arenda do produtor. Por segmento, o PIB do setor cresceu 5,65% eminsumos, 4,35% na produção primária, 1,38% naindústria e 2,15% na distribuição. A balançacomercial do agronegócio registrou, de janeiro amaio de 2008, um superávit de US$ 22,552 bilhões, 22,6%superior ao registrado no mesmo período do ano passado. As importações subiram 40,4%, passando de US$ 3,334bilhões para US$ 4,680 bilhões e as exportações saíram dos US$ 21,731bilhões para US$ 27,232 bilhões.O que realmentemovimenta o agronegócio brasileiro, disse Cotta, “é aperspectiva de rentabilidade do produtor, que, infelizmente, nãoestá conseguindo fazer com que o excelente cenáriointernacional dos preços agrícolas chegue ao seubolso”. Ele defendeu a autorização para que o setorprivado invista nos portos, considerado um dos maiores gargalos queimpedem o escoamento eficiente da produção.“Toda a nossainfra-estrutura canaliza para meia dúzia de portos que,efetivamente, fazem a importação e a exportaçãobrasileira. Se não permitirmos que o setor privado, que estáávido a fazer investimentos portuários, possa fazersuas aplicações no setor, não adianta aumentar aprodução porque não vamos conseguir fazer oescoamento disso ou vai ser a preço tão baixo que nãovai justificar o investimento do produtor”, afirmou.Em relaçãoaos fertilizantes, Cotta disse que, antes de se pensar em estatizarparte do setor, como chegou a ser cogitado pelo ministro da Agricultura,Reinhold Stephanes, deve-se resolverquestões mais pontuais. Cotta defendeu o fim do adicional de freteda marinha mercante, que, segundo ele, sobretaxa em 25% o valordo frete de longo curso, zerar toda alíquota de importaçãode fertilizantes, a isenção do ICMS e a revisãoda legislação sobre minas no país.“A legislaçãode exploração de lavra no Brasil acabou permitindo quevárias minas não fossem exploradas nos últimos anos eservissem, de certo modo, de reserva de mercado para poucas empresas,o que acabou permitindo uma grande concentração nomercado, principalmente na linha de fosfatados”, acrescentou.