Encontro de quilombolas quer definir projetos para fortalecimento de comunidades

08/06/2008 - 16h58

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Cerca de 200 representantes de comunidades quilombolas de Goiásparticipam neste fim de semana de um encontro na comunidaderemanescente de Pombal, em Santa Rita do Novo Destino (GO), a cerca de300 quilômetros de Brasília.O encontro, intitulado “Passado, Presente e Futuro da Comunidade doQuilombo de Pombal”, busca resgatar a história dos quilombolas, trocarexperiências entre famílias e definir projetos para o futuro. Na noite ontem (7) foi apresentado na comunidade o documentário Por um fio,produzido pela TV NBR, que mostra os desafios enfrentados pelosquilombolas de Pombal. A secretária de Promoção da Igualdade Racial do município de SantaRita do Novo Destino, Nailde Rodrigues, conta que a comunidade espera atitulação coletiva da terra, investimentos para a construção de umafábrica de farinha e recursos para incentivar a produção artesanal,baseada na tecelagem.  “O objetivo desse encontro é fortalecer a comunidade e a comunidadeentorno que é a origem do Pombal e ter um desdobramento de projetos, deobjetivos de vida, que a comunidade se fortaleça para cobrar osdireitos", destaca Nailde, que também faz parte da comunidadequilombola de Pombal.A secretaria que ela dirige foi criada há dois meses, a partir dareivindicação da comunidade, e conta com o apoio das secretariasestadual e federal de promoção da igualdade racial.Um dos desafios dos quilombolas de Pombal será buscar recursos paraa construção de um posto de saúde. A área de educação também enfrentadificuldades. Três escolas chegaram a ser construídas nos últimos anosna comunidade, mas estão desativadas por falta de professores einvestimentos.A falta de escola e trabalho tem levado muitos jovens a sair dacomunidade, que conta com 300 famílias só no município de Santa Rita doNovo Destino e outras 400 famílias espalhadas pelo estado.Os quilombolas de Goiás vieram para a região escravizados, paratrabalhar na mineração. Após a abolição e o fim do ciclo do ouro, elespermaneceram no estado, a maior parte escondidos em áreas rurais.Estima-se que existam 150 comunidades quilombolas em Goiás, masmenos de 20 já foram certificadas pela Fundação Palmares e menos de 10contam com o título de terra, concedido pelo Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária (Incra).