Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A inclusão da educação para a diversidade sexual nas escolaspúblicas é uma das reivindicações que o movimento de gays, lésbicas,bissexuais, transsexuais e travestis deve incluir na Carta de Brasília, que vaiser votada e apresentada amanhã (8), no encerramento da 1ª Conferência Nacionalde Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, realizada na capitalfederal. É o que afirma a coordenadora-geral do Coletivo de FeministasLésbicas, Irina Karla Bacci.Um dos motivos para essa reivindicação é a violência sofrida pelas lésbicasque, segundo ela, “vem com requintes muito pesados de ódio”. “O ódio associado àmulher lésbica é muito mais pesado”, completa.Além de leis que punam os atos de violência, que são tanto físicos quantomorais, “a gente precisa mesmo de programas que eduquem a população, quecontemplem essa necessidade de entender que a orientação sexual não umaescolha, é algo que é nosso”, diz Bacci.Para ela, é preciso que o governo tenha um trabalho institucional dentrodas escolas para a mudança de cultura da população no que diz respeito àdiversidade sexual. A militante reconhece que há programas em andamento, masdiz que são pequenos ainda.“Precisaria de um programa bastante amplo, onde todas as escolas públicas eprivadas tivessem aula de direito sexual e reprodutivo”, afirma.O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC),André Lázaro, lembra que a questão da orientação sexual já é contemplada emmateriais da secretaria, “desde material que orienta o gestor quanto àimportância de uma política até material de formação de professores”.Lázaro destaca também o curso “Gênero e Diversidade na Escola”, oferecido em2006 de forma experimental e que deve ser oferecido a 15 mil professores nosegundo semestre deste ano, em 11 universidades.O secretário lembra ainda uma ação da Secretaria de Estado de Educação do Paráque publicou uma portaria determinando que o nome social de travestis - o nome que elas escolhem - seja o que consta nas listas de chamada. “Pode pareceruma coisa simples, e é simples, mas tem um significado simbólico muito grande,de você acolher aquilo que é a forma pela qual a pessoa quer ser identificada”,ressalta.Para André Lázaro, no entanto, não há muito mais o que fazer dentro dasescolas. Ele diz que as instituições de ensino podem introduzir novos valoresna sociedade, mas lembra que, primeiro, elas reproduzem aquilo que está nasociedade.“Não será a escola sozinha que vai mudar o mundo, é preciso uma política deapoio à escola, uma política de valorização do professor”, defende. E completa:“é preciso que a cultura também valorize a diversidade sexual, que os meios decomunicação não tenham clemência com a violência contra homossexuais,travestis, as lésbicas, a escola não tem que ser o único fator de mudança”.