Consumidor corta itens de carrinho de compras, revela Associação de Supermercados

02/06/2008 - 21h10

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setorde supermercados está pessimista em relação aovolume de vendas nos meses de março e abril de 2008. Osnúmeros ainda não foram fechados mas, de acordo com opresidente da Associação Brasileira de Supermercados(Abras), Sussumu Honda, os donos de supermercados esperam umaretração superior aos 2% registrados em janeiro efevereiro deste ano. 

“Oresultado dos primeiros dois meses desse ano acendeu a luz amarelapara os supermercadistas. O faturamento não caiu porque ospreços subiram, mas o consumidor, principalmente os dasclasses menos favorecidas, está comprando menos. Nãoesperamos uma melhora para março e abril devido a algunsrepasses que tiveram que ser feitos. A carne foi um item que subiumuito e pode pesar nessa conta”, disse o presidente da Abras.

De acordoHonda, nos últimos quatro anos, foram registrados índices de crescimentoconsecutivos no volume negociado. Em 2005, esse crescimento foi de 6%.Em 2006, ficou acima de 5% e em 2007, a variação foi de 3%. “A queda é no volume comercializadoglobal que vinha crescendo nos últimos três anos”,explicou Honda.

Segundo opresidente da Abras, houve mudança de comportamentodo consumidor, que manteve o consumo dos produtos básicos dealimentação, responsáveis pelas maiores altas,como o arroz e os derivados de trigo. O consumidor, no entanto,  deixou de colocar nocarrinho de compras produtos que faziam parte de seu consumo, como iogurtes, bebidas, creme de leite, leitecondensado e refrigerantes, os chamados “supérfluos”. Aretração em relação a esses produtos éesperada para os meses de março e abril.

“Outrosprodutos que, no ano passado, o brasileiro havia incluído em sualista de compras devem apresentar redução no consumo,como laticínios, alguns produtos perecíveis e bebidas.As pessoas não tiveram opção, pois subiram itensque substituem uns aos outros. É o caso do macarrão edo arroz. O dois tiveram alta no preço. No entanto, oconsumidor brasileiro não deixa de levá-los. Opta pordeixar de comprar outros produtos”, explicou.

Um estudofeito pela LatinPanel, maior instituto de pesquisa de consumodomiciliar da América Latina, demonstrou que o volume decompras para abastecimento do lar, no acumulado de janeiro a marçodeste ano, ficou estável no comparativo com igual períododo ano passado. Frente ao último trimestre de 2007,entretanto, a retração foi acentuada e bateu a marca de4%.

Osalimentos foram os campeões da retração, deacordo com o estudo. A cesta registrou queda de 6% no volumeconsumido pelos domicílios no comparativo de janeiro,fevereiro e março de 2008, contra outubro, novembro e dezembrodo ano passado. Nas classes D e E, a queda foi mais acentuada: 7%.

O estudojá havia registrado retração no consumo debebidas: queda de 3% no volume comprado pelos domicílios noprimeiro trimestre deste ano frente ao último trimestre de2007. As cestas de higiene pessoal e de produtos de limpezamantiveram-se estáveis.

ALatinPanel acompanha semanalmente o consumo de 8,2 mil domicílios,o que representa 82% da população domiciliar e 91% dopotencial de consumo do País.