Da Agência Brasil
Brasília - Aproximadamente 70%dos homicídios registrados em Pernambuco foram praticados porgrupos de extermínio, muitos dos quais contam com aparticipação de policiais. No estado do Rio de Janeiro,18% dos assassinatos ocorridos em 2007 foram cometidos pela polícia,o que representa 1.330 óbitos descritos como “resistênciaseguida de morte” pelas fontes da área de segurançapública.Os dados constam dorelatório preliminar do relator da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) para ExecuçõesSumárias, Arbitrárias e Extrajudiciais, Philip Alston.No documento, divulgado hoje (2), Alston destaca a açãodos grupos de extermínio e as execuçõespraticadas por policiais no Brasil.Para o diretor doCentro de Informação da ONU no Brasil, Giancarlo Summa,os excessos são cometidos para dar à populaçãouma sensação de eficiência da polícia. “Àsvezes, parece que é mais importante dar à populaçãoa percepção de que o poder público estáagindo, usando a mão dura, enfrentando, atirando, matando, doque enfrentar realmente os problemas concretos da segurançaque não dizem respeito somente à polícia, mas auma série de políticas públicas”, avaliouSumma.Os assassinatos praticados por grupos de extermínioe milícias também são apontadas comopreocupantes. A esse respeito, Giancarlo Summa citou o caso daequipe de reportagem do jornal O Dia,que foi torturada por uma milícia no mês passado.O relatório assinala que esses grupos muitas vezes sãoformados por policiais.Na opinião de Summa, “toda equalquer vez que há abuso cometido por parte de um agente doEstado, isso é muito mais grave do que quando a violaçãoé cometida por um bandido”.Mas, de acordo com odiretor do Centro de Informação da ONU, hásituações de “luz e sombra" no Brasil. Ao mesmotempo que existe o envolvimento de membros do poder público emassassinatos, “há uma luta do governo federal,principalmente, e de alguns governos estaduais em favor dos direitoshumanos e contra os abusos”.Para Giancarlo, a soluçãopara o problema do envolvimento de membros do poder público emhomicídios passa pelo desenvolvimento de um programa detreinamento adequado, salários justos e a conscientizaçãosobre o valor dos direitos humanos dentro das corporaçõespoliciais.Ele ressaltou ainda que o Brasil, como membro doConselho dos Direitos Humanos da ONU, deve ser submetido a inspeçõespara avaliar a situação dos direitos humanos. SegundoSumma, o relatório final de Alston já foi entregue aogoverno federal para que seja analisado e comentado. O documentodeverá ser divulgado para o público somente no iníciode julho.