Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, defendeu hoje (2) a adoção do sistema de padronização internacional das normas contábeis pelas companhias de capital aberto e fez uma previsão otimista quanto ao futuro dos investimentos neste setor. “Daremos um passo adiante para que se consolide um patamar mais elevado do nosso mercado”, previu, referindo-se às mudanças iniciadas em dezembro do ano passado, quando as empresas começaram a se adequar aos novos métodos de apresentação de suas demonstrações financeiras.A afirmação foi feita no 10º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, que se realiza até amanhã (3), no hotel Meliá World Trader Center, em São Paulo. O encontro é promovido em conjunto pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). A partir de 2010, o Brasil passará a fazer parte do grupo de 101 países que já adotam o sistema contábil europeu denominado IFRS ( International Financial Reporting Standard). Mas durante a fase de transição, as empresas continuarão utilizando também o método convencional nos balanços financeiros, ou seja, conforme a legislação brasileira. Isso tem sido motivo de queixa por parte de algumas companhias em função do custo operacional. "Não dá para evitar esse gasto maior no curto e médio prazo, mas os benefícios no futuro vão compensar", avaliou o presidente-executivo do Ibri, Geraldo Soares.Para ele, o novo método “será muito mais fácil para o investidor comparar as empresas mundiais às brasileiras e ver a qualidade fantástica que as empresas brasileiras têm e vão poder analisar com muito mais facilidade porque hoje ele [o investidor] tem que analisar o padrão europeu, brasileiro e americano, todos distintos entre si”.Soares acredita que o mercado norte-americano também vai migrar para o modelo europeu e a tendência é que, daqui a 5 ou 10 anos, o sistema europeu seja predominante no mundo inteiro. "Com isso, qualquer companhia aberta, seja na Bolsa brasileira, de Nova Iorque ou Londres, Frankfurt, enfim, vai facilitar os meios de comparação contábil”, disse. Ele considera que a padronização favorece os negócios, na hora de uma tomada de decisão sobre os investimentos.Quanto à elevação do grau de investimento do Brasil pelas agências internacionais de risco, Soares destacou que “isso será muito bom para o país, o governo e as companhias de capital aberto vão pode captar recursos no exterior pagando mais barato”. Sua previsão é de que o custo cairá em torno de 2% dentro dos próximos seis meses. Ele disse que o país já começa a atrair a entrada de mais investidores estrangeiros.O coordenador-executivo do Centro de Estudos em Governança Corporativa da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, Alexandre Di Miceli, disse que a padronização faz parte do conjunto de resultados positivos para a economia brasileira, no mesmo patamar que a elevação da posição brasileira na classificação de risco. “A adoção das novas normas contábeis é algo muito positivo porque vai tornar as empresas brasileiras mais comparáveis às empresas estrangeiras e isso é muito útil para os investidores, principalmente, os de fora, porque vão poder, rapidamente, comparar os números e as perspectivas das empresas de diferentes países sem ter de fazer ajustes”, enfatizou.