Fim da greve da Receita impulsiona balança comercial de maio, diz secretário de Comércio Exterior

02/06/2008 - 19h07

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os números recordes da balança comercial, no mês demaio, decorrem do fim da greve dos auditores fiscais da Receita Federaldo Brasil (RFB), encerrada no dia 12 do mês passado, ainda que maio sejatradicionalmente um período de comércio internacional bastante forte. A avaliação foi feita hoje (2) pelo secretário de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, ao analisar os números da balança comercial divulgados mais cedo.Ele disse que, depois de quatro meses relativamente fracos em termosde superávit comercial (exportações menos importações), o mês passado“teve melhora substancial”. Barral disse que, no entanto, os bons númerosdivulgados hoje foram “engordados” pelo represamentos de registrosaduaneiros não efetuados em abril, no auge da greve dos auditoresfiscais.O secretário explicou que a regularização das exportações e da importações de maio, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), zerouas pendências de registros aduaneiros de abril. Ele calcula que, em abril, deixaram de ser registradas cerca de US$ 1,2 bilhão de vendasembarcadas, mas não registradas pela Receita, principalmente depetróleo, soja e minérios de ferro.As exportações de maio chegaram a US$ 19,306bilhões, valor nunca nunca alcançado antes tendo como parâmetro o período mensal. Mas as importaçõestambém bateram recorde, com total de US$ 15,229 bilhões. O movimento possibilitou o bom saldo comercial de US$ 4,077 bilhões e, com isso, osuperávit acumulado no ano sobe para US$ 8,655 bilhões – pouco mais dametade dos US$ 16,758 bilhões registrados no mesmo período do anopassado.As exportações de 2008 somam até agora US$ 72,054 bilhões, com evolução de 22,2% em relação aos US$ 60,096 bilhõescontabilizados em igual período de 2007, de acordo com o secretário.Mas as importações cresceram em um ritmo mais forte  echegam a US$ 63,399 bilhões, com aumento de 49,2% sobre os US$ 43,338bilhões registrados de janeiro a maio de 2007.Barral explicou que os destaques nas exportações de 2008, até agora, foram osprodutos manufaturados, com vendas equivalentes a US$ 35,689 bilhões,especialmente de óleos combustíveis (+84%), aviões (+52,3%), tratores(+36,7%), motores e geradores (+32,6%), pneumáticos (+24,4%) e máquinaspara terraplenagem (+21,5%).Em seguida, vieram as vendas de produtos básicos, que somaram US$24,418 bilhões. Os maiores aumentos nesse ítem foram das exportações desoja em grão (+68,4%), milho (+54,7%), farelo de soja (+53,4%), carnede frango (+47,5%), carne suína (+28,1%), petróleo (+25%), folhas defumo (+22%), minério de ferro (+15,6%), café (+14,5%) e carne bovina(+9,3%).Dentre os produtos semimanufaturados, que renderam US$ 10,008bilhões em divisas para o país, os destaques foram ferro-liga (+91,5%),celulose (+49,2%), produtos de ferro e aço (+44%) e ferro fundido(+37,9%).Segundo Barral, os principais destinos das exportações brasileirasno ano foram os Estados Unidos (US$ 10,2 bilhões), Argentina (US$ 7bilhões), China (US$ 5,7 bilhões), Países Baixos (US$ 4,1 bilhões) eAlemanha (US$ 3 bilhões). Destes, o Brasil tem déficit comercial de US$1,6 bilhão com a Alemanha e de US$ 1,5 bilhão com a China.Ele disse que houve crescimento das exportações brasileiras para asprincipais regiões econômicas: Ásia (+40,2%), Mercosul(+39,3%), Europa Oriental (+33,4%), União Européia (+21,4%),  AmércaLatina sem Mercosul (+8,8%), África (+7,8%), Oriente Médio (+7,4%) eEstados Unidos (+5,3%). Barral revelou que a China comprou 51,9% detodas as vendas brasileiras destinadas à Ásia e a Argentina ficou com 38,3%das exportações para o Mercosul.Em relação às compras brasileiras, Barral disse que houvecrescimento em todas as categorias de produtos, no acumulado do ano, principalmente de combustíveis e lubrificantes (+72,8%), bens decapital (+47,6%), matérias-primas e intermediários (+44,9%) e bens deconsumo (+40,5%). Quanto ao último quesito, o maior aumento deu-se na importação deautomóveis (+117,2%), por força de acordos bilaterais com Argentina eMéxico, de acordo com o secretário.