Especialistas mundiais debatem no Rio alternativas ao petróleo, com destaque para GNV

02/06/2008 - 16h37

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O potencial de veículos movidos a gás natural veicular (GNV) que o Brasil detém foi a razão da escolha do país para sediar  o 11º Congresso Mundial de GNV, que será aberto amanhã (3) nesta capital. O evento será realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP),  com apoio da Associação Internacional de Veículos a Gás Natural (IANGV), localizada na Europa. O Congresso Mundial é realizado a cada dois anos em  cidades de diferentes países. A última edição ocorreu no Cairo, no Egito, em 2006. Esta é a primeira vez que o evento acontece no Rio de Janeiro.

O coordenador do Comitê de GNV do IBP, Rosalino Fernandes, também vice-presidente da Associação Latino-Americana de GNV, disse hoje (2) à Agência Brasil que o Brasil está atualmente entre os três maiores países do mundo em frota com GNV, com um total de 1,541 milhão de veículos. O ranking é liderado pelo Paquistão e  Argentina. O número é reduzido em relação à  frota total  brasileira, que  alcança 50 milhões de veículos, incluindo automóveis, ônibus, micro-ônibus, caminhões, vans e picapes. Segundo Fernandes, isso mostra, porém, que “ainda há muito espaço para o crescimento do mercado de GNV no Brasil”.

O coordenador do Comitê do IBP destacou que o GNV tem características econômicas que o distinguem dos demais combustíveis, na medida em que é mais barato para o consumidor. "Também do ponto de vista ambiental, ele representa vantagens, por ser mais limpo  e poluir menos do que gasolina e o diesel, por exemplo", disse.

Além disso, a elevação do preço do petróleo, que chegou a até US$ 140,00 o barril nas últimas semanas, com tendência ascendente, está provocando em todo o mundo a busca de combustíveis alternativos aos derivados do petróleo. Fernandes  esclareceu que o álcool e o hidrogênio podem substituir uma parte do petróleo, “mas não totalmente”.

O consumo atual de petróleo no mundo alcança cerca de 88 bilhões de barris/ano. “E o álcool só vai conseguir substituir  20% a 25% do petróleo, porque não existem territórios e terras suficientemente grandes para plantações de cana-de-açúcar, que só nasce na zona equatorial. Fora dessa zona, você não consegue produzir cana-de-açúcar, porque não existem condições climáticas e ambientais para isso”, explicou. Ele destacou que isso reduz muito a possibilidade do uso generalizado de álcool.

Fernandes informou que a Associação Internacional de Veículos a Gás Natural (IANGV) vai debater a partir de amanhã,  durante o congresso, do qual participarão especialistas de todo o mundo, qual é justamente o caminho de desenvolvimento sustentável para a segurança energética.

“Com a situação de petróleo subindo de preço e, eventualmente, amanhã  ou depois ter restrições no fornecimento, se busca um caminho sustentável para a segurança energética. O GNV se insere nesse cenário, pelo fato de que ele é um combustível disponível  no Brasil e em outros países da América do Sul, América do Norte, África. Além disso, é um combustível mais econômico e mais limpo  do que os derivados de petróleo”, concluiu o coordenador do Comitê do IBV.